Atração Impulsiva

O corpo pede o proibido? Traição consiste numa tônica densa, complicada, uma teia dúbia. O filme Infidelidade, baseado no original "A Mulher Infiel" de Claude Chabrol, concebe um bom argumento: Connie Summer (Diane Lane) tem um casamento de 11 anos com Edward (Richard Gere), ambos têm um filho e aparentemente nada parece interferir o cotidiano do casal. Na comodidade de seu lar e dentro da configuração da intimidade do matrimônio: há todo um convencionalismo nítido que gira o absoluto tédio. Seu cotidiano transcorre dos afazeres domésticos às trivialidades da rotina. Seu casamento demonstra fragilidades, não se transforma em divertimento e o desejo parece já mortificado. Há um companheirismo sim, algo que funcione como uma espécie de amizade - o tom da relação dela com o marido consiste numa superficialidade padronizada. Ainda que sem brigas, o casal dá sinais de frieza. Sem dúvida, não há sexo contínuo, eis um casamento fadado à mesmice e da ausência de maiores perspectivas. Connie é a típica mãe, esposa exemplar calada, extrema apática, que se condicionou como dona do lar - mas não dona do seu desejo. Como surpreender o próprio destino? Inesperadamente, por acaso, Connie conhece um vendedor de livros, Paul Martel (Olivier Martinez). O destino provoca: exímio sedutor nos gestos, olhar e tom de voz - Paul articula sua sedução e Connie sente-se atraída por ele, um súbito tesão aflorado. Ainda que sinta tentada, ela não consome um envolvimento no primeiro instante com ele. Mas, o desejo é traiçoeiro: a traição ocorre. Connie vê em Paul uma possibilidade de fugir de sua vida morna, numa espécie de busca pelo prazer incondicional, talvez com ele possa agir mais impulsivamente.

Decerto, o sexo constante promove uma libertação que intensifica sua emoção, como se sua feminilidade transbordasse novamente. Uma nova ideologia de vida? O prazer libertino, libertário, liberta? Com o amante idealizador ao lado, ela pode ser fêmea lasciva, geme o seu próprio arder em chamas - tende a viver mais deliciosamente, com expressiva vitalidade libidinosa. Sua fúria libertina com ele é pura química sexual - mas, há um elo de amizade, papos íntimos e afinidade que só tonifica mais a satisfação na infidelidade. O sexo liberta o ser humano? Um orgasmo provoca também a sensibilidade em Connie: rejuvenesce, preocupa-se com em estar mais apresentável, sente-se mais altiva e concebe um vigor à sua personalidade. O sexo é um artifício do desejo, recurso da carne fraca, provoca frisson de sensibilidade, transforma um ser e determina um aspecto irremediável determinador. E é através das transas aflitas, do desespero de ser penetrada arduamente e manter o desejo latente dentro de si que Connie aprende que sua traição é o seu período de bem-estar, renovação feminina. Ela sorri, grita e geme contentamento com Paul. É o momento que ela acende a alma, o corpo e tudo gera uma dinâmica pulsante. Transar para viver? Mas, o invólucro é de plena ilusão.

O diretor Adrian Lyne prioriza a energia dos personagens, cada diálogo evidencia o psicológico e as percepções das motivações humanas de cada um. Tudo é bem tangível, há um realismo. E o filme mostra o outro lado da moeda: a traição feminina, ainda que Connie não seja adepta à promiscuidade e aventuras extraconjugais. Contudo, a traição ocorre. As transas dela com Paul são sexualmente densas, ásperas, quentes. Ela treme com a proporção progressiva da delícia do prazer. Entre mordidas, sussurros e tapas no corpo - o gozo desmede o seu fortalecimento. E o filme providencia cenas ousadas da ardência de ambos, entre lençóis ou mesmo dentro de um banheiro de um bar. É interessante observar como Connie modifica-se: na sua conservadora vida familiar de um casamento desgastado, tudo parece decorrer lentamente; com o amante francês, ela clama o sexo a todo momento, há uma ebulição de corpos em movimentos compassados e o entrosamento sexual exprime um dinamismo ao seu cotidiano. De mulher passiva, torna-se sexualmente definida e altamente dominadora. Mas, ela também sofre em função desse ato. A traição é mesmo involuntária? Não é algo racional, mas sim emocional. E, através da perspectiva dessa personagem, compreende-se como vulnerável é o ser humano. E é algo que permeia entre o prazer e a dolorosa sensação do arrependimento - eis a consciência clamando prioridade?

A composição de Diane Lane é extremamente densa, aprofundada, puro talento numa completa entrega. Há um Richard Gere concentrado, talvez uma de suas melhores atuações - seu Edward é o homem que ama e sofre por observar sua esposa imersa na traição desenfreada. Como lidar com esse caos? Edward vivencia os seus próprios limites, lidando com a ira e o perdão, lado a lado. Ele é o contraste de Paul: observador, desconfiado e possui uma aguçada intuição. Já Paul é irreverente, extrovertido em sedução cativante. Será possível ter o casamento íntegro, novamente? Questões de adultério causam abalos cicatrizantes em qualquer relação. O desejo, desajuste e personificação da luxúria estão presentes na interpretação de Olivier Martinez, totalmente charmoso. O roteiro mostra como o casal lida com essa catarse. Nada será como antes? Connie passa a perceber seu casamento e repensar sobre sua vida, reavaliando suas prioridades. Afinal, vale a pena manter sua infidelidade? O roteiro materializa que nem toda felicidade é pautada no desejo sexual: é preciso sentimento também. Compreende-se a evolução do enredo instintivamente, Adrian Lyne sabe articular bem o desejo incontrolável aqui, com trilha sonora discreta em certos momentos e outros silenciosos - além de conceber ângulos, closes e planos com boa estética em elegância. Todo indivíduo tem atos incontroláveis - o desejo sempre leva ao impulso passional? Eis um filme de erotismo sofisticado.

Unfaithful (EUA, 2002)
Direção de Adrian Lyne
Roteiro de Alvin Sargent e William Broyles Jr., baseado em roteiro escrito por Claude Chabrol
Com Richard Gere, Diane Lane, Olivier Martinez, Chad Lowe, Michelle Monaghan, Margaret Colin

43 opinaram | apimente também!:

Alyson Santos disse...

Talvez um refúgio? Por que Connie ao invés de buscar o que não tem no marido em outro, não partilha essa ausência? Por que ambos se acomodam com a cruz que ambos colocam a frente deles mesmo e não tentam resolver? Busca soluções em coisas lights, fáceis... é mais simples, mas o prazer é estantâneo. Nada resolvido.

Abraços!

Tania regina Contreiras disse...

Infedlidade, adultério... ou a busca da auto-renovação?
Sempre há tanto o que pensar, não?

Beijo,
Tania

Alan Raspante disse...

Eu sempre assisto este filme quando passa na Tv, rs
A história é muito boa e os contornos que ela vai ganhando no decorrer do filme se torna muito interessante!
A atuação de todos são boas, o enredo é bacana e esse teor sexual se torna um charme no filme! rs
Abs.

Jenifer Torres disse...

Estou te seguindo também. Só não fiz isso antes por falta de tempo mesmo. Gostei de verdade do seu blog, Cristiano.

Abraços

Anônimo disse...

'Infidelidade' me pegou de surpresa quando o vi pela primeira vez. Conhecia o filme por comentários relacionados ao erotismo do filme, mas percebi que o filme mergulha fundo na situação em que se encontra essas 3 pessoas e como cada uma delas reage á essa situação. O filme pode trazer inúmeras discussões sobre os mais variados assuntos como sexo, traição, vingança, fidelidade e etc... Excelente filme!

http://cinema-em-dvd.blogspot.com/

Amanda Aouad disse...

É, mais um pra lista. Quando conferir volto aqui para comentar.

bjs

Anônimo disse...

Em dezenas de vezes que vi esse filme na locadora, ele sempre me passa batido, e acabo nunca assistindo!

Richard Mathenhauer disse...

Saudações.

Gosto deste filme.
Creio que toda a infidelidade, as contidas e as praticadas, tem o grande equilíbrio da própria fidelidade do casal (de um para com outro) quando do desfecho do filme. Se a infidelidade os levou até ali, é a fidelidade de um para com o outro que os salvará.

Abraços,

Juan Moravagine Carneiro disse...

Um filme interessante pelo proposta ao meu ver...

...mas acho que se perdeu do meio para frente!

Abraço

JULIANA disse...

Acho o filme um retrato da realidade. A infidelidade é um fato na maioria dos casamentos.

Hugo Dorta disse...

Hum esse filme dever ser bom =)

Cintia Carvalho disse...

Oi Cris!

To de volta e a partir de agora passarei aqui com frequência.
Seu texto como sempre está excelente e sua análise deste filme está maravilhosa, embora em minha opinião não goste dele.

Para mim, um filme razoável que poderia ter rendido mais, afinal dois bons atores como Richard Gere e Diane Lane não foram bem aproveitados em uma história morna e até tediosa, se analisarmos mais detalhadamente a trama.

Apesar do tema bem polêmico falando sobre a infidelidade feminina, não consigo ver nada mais do que uma mulher "aparentemente infeliz", casada com um bom homem que encontra um amante caliente e se entrega a sua paixão sem medir as consequências de tal atos. Clichê batido e sem novidades. O final então é muito ruim.

Seu diretor Adrian Lyne se saiu muito melhor em "Atração fatal" quando fala do mesmo tema, traição.

Enfim, um filme que me decepcionou e muito.

Um beijinho super carinhoso.

S * disse...

Sabe que eu ainda não assisti esse filme??? Mas fiquei curiosa pra assistir! Vou procurar! Bjs!

Augusto Dias disse...

Vou começar a te usar rsrsrs!!!
Me precaver e não acabar assistindo o que não presta.
Tudo de bom!!!

Helio Thompson disse...

Cinema é o meu sonho, desde criança quando me escondia de castigo embaixo do sofá, para ver a Sessão da Tarde. Amo filmes, por isso já o seguia, caro amigo.
Obrigado pelas suas palavras.
Vamos seguindo juntos...

Uma ótima semana.
"re"seguindo você.
Abraço.
Helio

Aglio disse...

Obrigado pela visita e pelo elogio. Gostei muito da sua proposta neste blog também. Suas críticas são bem redigidas e fundadas (ao menos analiso pelos filmes que já assisti)

Abraços e volte sempre o/

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

não é o corpo que pede o proibido, nós é que inventamos a fidelidade..coisas de armações da cultura

Robson Saldanha disse...

Ao Ler seu texto, esse filme me fez lembrar instantaneamente de dois filmes dos quais gostei bastante. O maravilho As Pontes de Madinson que trata justo da dona de casa que foge a sua vida regrada quando encontra alguém fora do matrimônio e Acima de Qualquer Suspeita com Richard Gere que trabalha até onde a traição pode levar uma vida e quais as consequências futuras dela. Fiquei curioso por esse filme, texto fantástico!

Sônia disse...

Eu assisti e gostei muito!!
O vendedor de livros é maravilhoso rs...

Taciano de Jesus Mattos disse...

Desse filme, eu só gosto da cena em que o Richard Gere mata o amante da mulher com aquele brinquedinho que neva... rs!

Elton Telles disse...

Não acredito que a traição seja involuntária. Concordo que ela é impulsionada mais pelo emocional do que pelo racional da pessoa, mas o impedimento para que o ato aconteça vai de acordo com os limites RACIONAIS de cada um.

Gosto de "Infidelidade". Gosto, principalmente, porque desvirtuamos nossos próprios valores e tornamo-nos cúmplices do erro da personagem de Diane Lane - Hitchcock sempre fez isso também em seus filmes de espionagem, mas aqui, este é a principal preocupação. Enfim, acho que a infidelidade não pode ser justificada jamais, não tem explicações, nem argumentos suficientes que encubra esse erro imperdoável.


ABS!

Hugo disse...

Partindo para a conversa quase de buteco... é curioso ver o galã Richard Gere fazendo o papel do traído.

Abraço

Mirella Machado disse...

Eu realmente amo seus textos Cris, vc escreve muito bem e reconheço isso cada vez mais quando leio sobre um filme. você faz com que o leitor tenha vontade assistir e isso é ótimo.
Já sobre o filme parecia meio óbvio que se o casamento estivesse "frio" ela logo encontraria uma maneira de recuperar a chama perdida pelo menos nela, confesso que não é tipo de filme que adoraria assistir isso de infidelidade ainda não é comigo, mas eu eu me interessei sim pela história... Bjos Blogmurus

Esdras Bailone disse...

Gosto muito desse filme. O adultério feminino é sempre um tema instigante. Também gostei demais de NOITES DE TORMENTA, em que o mesmo casal de atores fazem um belo par romântico, dessa vez sem traições mas com um grande drama. Certamente vc já assistiu, poderia fazer uma resenha sobre ele, o que acha?

Queria agradecer por seu comentário em meu blog, fiquei feliz. Já acompanho seu blog a algum tempo e queria que vc desse uma espiada no meu, mas fiquei sem graça de pedir isso, acho chato ficar implorando pras pessoas lerem seu blog. Amo cinema e tô sempre por aqui. Acabei de postar uma dica de filme lá no BORBOLETAS, ficarei contente com seu comentário.

abços!!!

Vanessa Souza disse...

Grandioso filme.

Thiago Paulo disse...

Nunca consegui assistir esse filme, vi umas cenas na Tv só. tenho um certo problema com filme sobre esse tema, o único que me deixou com dúvidas até hoje foi As Pontes de Medison.

Quando o filme terminou, não acreditei que estava torcendo para a personagem largar a família dela e ir embora com o amante.

Ainda preciso dar uma olhada melhor em infidelidade.

Abraço

C@uros@ disse...

Amigo Cristiano, não assisti, me parece uma tema interessante, vou conferir, mais uma vez parabéns pelo seu magnífico trabalho.

forte abraço

PS: Tem uma "ceninha" de cinema lá no dimenor.

C@urosa

Kamila disse...

Acho "Infidelidade" um filme muito interessante. Eu acho que Connie buscou se renovar com o romance com o personagem do Olivier Martinez. Ele fez com que ela se sentisse desejada, amada, sexy. Isso faz bem, de vez em quando.

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Cristiano,
Realmente foi uma agradabilíssima surpresa chegar até aqui ao seu blog.
Adoro cinema e boa leitura. Aqui se conjuga os dois e mais importante, com opinião, reflexão e sem exaurir o tema, para aqueles que ainda não assistiram possam descortinar outras situações.
Esse filme, para mim, é daqueles que vale a pena assistir.
O tema envolve a todos que tem sangue correndo, emoções e expectativas em suas vidas. Não há como não existir empatia. O filme, assim como você faz nestes comentários do seu blog, é um convite ao questionamento acerca da cultura arraigada que aprendemos e trazemos de tantas gerações passadas.
Abraço e parabéns
Carlos Alexandre

Wally disse...

Intimista e honesto. Mas não exatamente uma surpresa, já que Lyne havia feito algo notável há anos com "Atração Fatal". Aqui, porém, ele vai muito mais a fundo na questão toda do desejo. Realmente sofisticado.

Rafael Cotrim disse...

Você sempre me deixa com vontade de assistir aos filmes...

afs ;@

Anônimo disse...

Cristiano,asssisti esse filme há muito tempo.A presença do Richard Gere sempre é um atrativo,mas que nunca supera a expectativa.O tema traição é sempre recorrente no cinema,nas suas mais variadas faces.Talvez o adultério seja a mais polêmica,mas ontem mesmo eu estava revendo um filme onde as traiçoes se mostram presentes do inicio ao fim:O Poderoso Chefão.
Belíssimo post.
Fábio Zen

http://oficinamissoes.blogspot.com/

Daniela Filipini disse...

Já perdi a conta dos filmes que quero assistir. Parece muito bom!
Obrigado pela visita :)

Pedro Tavares disse...

Parece interessante! :)

joyce Pretah disse...

amei este filme....

tratou bem o tema da infidelidade,que é algo que está aí,presente...

sensualíssimo filme...adoooro^^


ps: sinto falta de seus comentários lá em casa

bj

Edson Cacimiro disse...

Sai do cinema e fiquei meia hora sem saber o que pensar. Excelente filme.
Também te sigo agora, grande abraço.
Edson

Anônimo disse...

Não é o tipo de obra que retrata a real situação do ser humano. Acho que isso chama a atenção para aquilo que chamamos de libertaço feminina. QUando as mulheres do árduo desejo de serem melhores que os homens se sbumetem a situações cuja sua dignidade acabam feridas. Uma tentativa dela de provar para si mesma que apesar de casada não está presa ao marido e que pode sim viver sua vida, mesmo que seja enganando uma pessoa diria inocente.

Cristiane Costa disse...

Olá querido Cris,

Parabéns pela resenha. Sempre inebriante!

Eu gosto desse filme, embora o final deixe a desejar. O que mais me agrada é a personagem de Diane Lane, o antes, o durante e o depois da traição e, de fato, é isso mesmo que acontece: algumas mulheres se tornam apáticas dentro de um casamento e, mesmo que não tenham o propósito de trair, eis que pode surgir uma oportunidade que as faça sentir tesão e viver o prazer extraconjugal.

Gosto do filme porque penso que ele não é moralizante. Ele é sofisticado no que pinta na tela e na verdade que há nele. Traições podem acontecer, o desejo é um território perigoso.

Bjs

Anônimo disse...

Vou pegar esse filme pra ver do começo ao fim. Já tinha uma boa impressão sobre ele; agora então!

Gustavo Fiorini disse...

Olá! Infidelidade é um filme maravilhoso... Já vi quatro vezes e veria muito mais. Achei o final, inclusive, surpreendente. Ah, a Diane Lane está perfeita também como Connie, mostrando que as mulheres, mesmo quando felizes, são capazer de pular a cerca, hehe... Parabéns pelo blog e obrigado por seguir o PANORAMA TV!

Movie Lover disse...

Parabéns pelo blog ... tem uma estética fantástica.

Quanto ao filme, já o vi há uns anos e gostei bastante. Adoro o final do filme ... simplesmente bruto e genial.

Abraço e continua o bom trabalho.
http://vidadosmeusfilmes.blogspot.com/

Anônimo disse...

After all, tomorrow is another day!


[url=http://www.squidoo.com/abercrombie-jackets]abercrombie jackets[/url]

Fernando Borges disse...

Sua resenha está muito bem construída! Gostei de ler.
Nossa, é bastante interessante acompanhar toda essa situação de adultério através da ótica da protagonista.
Difícil condenar ou ser moralista...

Não sei dizer se gostei do desfecho, mas sem sombra de dúvidas é um filme bom e interessante.

Abraço

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