Diários de uma prostituta

É possível alguém apenas querer viver do lucro que seu corpo possibilita? O que motiva uma mulher a optar por esse “caminho de vida fácil”? Compreensível que o filme Bruna Surfistinha, baseado no livro O Doce Veneno do Escorpião, tivesse o mesmo sucesso exorbitante. A história já é conhecida por todos, não é segredo algum. Marcus Baldini aqui estreia na direção, demonstrando claramente sua intenção: tornar nítido a sexualidade dessa figura que causou tanta atração na sociedade — querendo ou não, até para os puritanos-de-plantão, Rachel Pacheco, nome de batismo, conseguiu usar da mídia para provocar/direcionar os refletores para sua decisão de vida. E conseguiu deixar todo mundo interessado. Tornou-se prostituta porque quis. Escolheu ganhar dinheiro através do sexo por vontade própria. Tornou-se a Bruna Surfistinha famosa. Novidade o argumento não é, existem tantas histórias semelhantes, reais e ficcionais, a grande sacada em questão é uma: nenhuma outra prostituta havia usado de um blog para mostrar com detalhes suas experiências sexuais; seus fetiches, seus desejos, seus programas tão expostos. E é exatamente esse sentido que o filme decide tornar explícito. Sem se preocupar muito em aprofundar as motivações psicológicas e motivacionais, a película apenas retrata a decisão da garota que abandona uma vida de classe-média para emergir no mundo da prostituição, do limbo ao topo.

O longa não detalha muito da vida familiar de Rachel Pacheco, apenas preocupa-se em contornar sua mudança para Bruna Surfistinha — da quase tímida-virginal, introspectiva e inocente do começo, à posição catártica de determinismo e fulgor libidinal ao fim. É interessante a maneira como o roteiro peca por não explorar as motivações da personagem-real — por que uma moça procura se prostituir apenas para “não querer depender de ninguém”? -, porém, consegue instigar por mostrar a dualidade e processo de transformação de uma garota que, inicialmente, demonstrava apatia, desconforyo e insegurança no sexo, mas que depois explode como um furacão sexual, repleta de malícia e determinação. O filme experimenta a trajetória de Bruna que, com seus 18 anos de idade, vivencia a natureza da prostituição por livre-arbítrio.

A ousadia da direção de Marcus Baldini apenas foca nas inúmeras transas sexuais da prostituta — ainda que não seja explícito, o sexo é muito bem fundamentado na trama, porém menos agressivo/cru que no livro que fora adaptado. O resultado são sequências de cenas de sexo oral, sodomia e simulações de penetração que são intercaladas com a narrativa em off da protagonista. A segurança da direção não vulgariza, mas as cenas atingem boa sensualidade e são fortes. De trajetória publicitária, Baldini acentua sua segurança no visual ao articular mais a provocação libidinal nas imagens do que nos diálogos. Relevante a cena do primeiro programa feito por Bruna no bordel, onde a câmera foca apenas no seu rosto e, ao fundo, seu primeiro cliente, interpretado por Cássio Gabus Mendes, executa sua penetração anal selvagem sem muita afetividade — a cena mostra bem o desconforto da mulher que, dali pra frente, teria toda sua vida modificada por conta de sua decisão. Sem levantar uma bandeira de que a prostituição é algo pecaminoso ou prejudicial, ainda assim o filme mostra que é uma vida que conserva inúmeras dificuldades, percalços.

A interpretação concentrada de Deborah Secco é capaz de humanizar, torna tudo envolvente. A atriz sabe muito bem explorar suas nuances ao personificar a inocência e fragilidade do primeiro ato do filme, bem como ao elevar a sensualidade que sua personagem pede. Secco empresta seu corpo, sua voz e malícia até com o olhar — há uma entrega total, principalmente, nas cenas que são impregnadas de sexo, muitas por sinal, que o filme procura explicitar. Há nudez frontal e de diversos ângulos, apelo sensual e boa condução interpretativa nos momentos de transas sexuais. Ainda que não seja forte o erotismo, convence! E o tom emocional torna-se evidente quando Bruna passa a viciar-se em drogas, a cocaína — é quando a atriz se mostra ainda mais competente com os momentos de sofrimento e auto-flagelação. A ótima trilha sonora de Tejo Damasceno e André Lucarelli é sensual, ágil e ajuda na narrativa orgástica da protagonista. Contudo, ainda que explícita sexualmente na mídia, Bruna ainda é um mistério. E pelo filme, jamais dá pra entender o porquê de uma garota, que poderia ter tudo, não se ajustar tanto a sua vida comum a ponto de se realizar na prostituição. É perceptível que houvesse o gosto pelo sexo, o prazer, a satisfação em ser garota de programa. Talvez, até fosse ninfomaníaca. Porém, o roteiro não dá margem a maiores discussões sobre isso. Apenas mostra uma mulher que queria quebrar as amarras do tradicionalismo, viver sem preconceitos, no gosto pela liberdade e libertinagem sexual...

Bruna Surfistinha (BRA, 2010)
Direção: Marcus Baldini
Roteiro: José de Carvalho, Homero Olivetto, Antônia Pellegrino – Baseado no livro O Doce Veneno do Escorpião, de Raquel Pacheco e Jorge Tarquini
Com Deborah Secco, Cássio Gabus Mendes, Cristina Lago, Drica Moraes, Fabiula Nascimento, Guta Ruiz

26 opinaram | apimente também!:

! Marcelo Cândido ! disse...

O filme não consegue ser puro sexo pois possue uma boa dramatização por parte de Deborah Secco que arrasa em cena e pelo capricho da edição e trilha sonora!

Gabriel Neves disse...

Concordo contigo, Bruna Surfistinha é isso mesmo. Um roteiro sem motivações convincentes e uma Deborah Secco entregue em cena. E até achei um filme agradável depois que ela entra no mundo da prostituição, quando o drama ficou em situações bem mais reais do que as relações da família.
Abraços.

M. disse...

Realmente é tudo isso que você escreveu. Talvez se explorassem mais o mistério em torno de Raquel/Bruna não saísse tão interessante como fora mostrado. Souberam explorar bem as cenas de sexo sem parecer vulgar. Bom filme.

Sandra Cristina de Carvalho disse...

O filme 'Bruna Surfistinha' é tão medíocre quanto o livro 'O Doce

Veneno Do Escorpião'. Ao menos o livro explora as experiências

sexuais da 'Dita Cuja', detalhando seus experimentos no submundo do

sexo.
O inexperiente diretor Marcus Baldini, pareceu-me pudico demais nas

cenas que deveriam ser mais 'calientes'. Marcus economizou erotismo

e sensualidade em seus registros de cenas. A Bruna da película

parecia o tempo todo enfadada durante suas relações com seus

clientes. Ao contrário do livro que explorava uma Bruna de natureza

ousada, o filme explicitava em várias tomadas, uma prostituta com

fisionomia de total aversão ao sexo, ou aos seus clientes, e

completamente automatizada. Víamos isso com mais clareza nas cenas

de sodomia.
A atriz Deborah Secco é naturalmente sensual e com seu grande

talento conseguiu dar maior qualidade ao filme. Entretanto, as

cenas mais provocantes, em minha opinião, não foram as de simulação

sexual da atriz, e sim, as cenas em que a personagem Bruna e suas

'colegas de ofício' se divertiam juntas. Nesses momentos cênicos as

expressões faciais da atriz eram de muita malícia e erotismo.
Algumas cenas são relevantes, como a passagem de menina para

mulher. Débora foi magistral. Conseguiu convencer com seu rosto

angelical e inocente, de que era apenas uma menina de 18 anos

estreiando na prostituição, tanto quanto nos fez acreditar que já

possuia total maturidade em sua fase de prostituta de luxo. Não

posso deixar de elogiar o desempenho do ator Cássio Gabus Mendes.

Ele foi muito convincente em suas cenas com Deborah Secco. A

química entre os dois foi perfeita. E pude também perceber em

vários coadjuvantes experiência e espontaneidade.
Marcus Baldini economizou o que no livro transbordou:Narrativa

erótica!
O filme, assim como o livro, não dá tesão; nem na cena mais

provocante, que foi Bruna seduzindo um guarda. O diretor poderia

ter tirado maior proveito da cena.
Boas as cenas em que Bruna sucumbe às drogas, até a sua queda; e

melhor ainda foi esperar pelo final do filme para ter a maravilhosa surpresa de ouvir a banda Radiohead melodiando sua linda canção 'Fake Plastic Trees'.

Sandra Cristina.

Marcio Melo disse...

Ainda nao tive vontade de ver o filme, eu ja tinha lido o "livro" e a história, por si só, já me é desinteressante.

Talvez só a "performance" de Secco valeria a pena, mas vou deixar passar.

Ricardo Morgan disse...

Eu gostei do filme e, como digo, Debora Secco é uma puta atriz! kkkkkk Seu desempenho dramático é sensacional e as cenas foram muito bem rodadas dentro da proposta superficial do longa. Claro, o filme foi um grande sucesso de marketing por causa de Secco que está estonteante.

Abraços!

Marcos Rosa disse...

É um filme quase mediano, o lado positivo é que pelo menos não tentou fazel da personagem uma heroína. A todo momento foi ressaltado que foram suas escolhas...

Cristiano, está afim de fazer uma parceria?

___
http://algunsfilmes.blogspot.com/

Kamila disse...

O que mais me chama a atenção em "Bruna Surfistinha" é que seria fácil pro filme cair para um caminho apelativo, mas essa nunca foi a escolha do diretor Marcus Baldini. A intenção dele sempre foi outra: nos mostrar esse mundo da Bruna de uma forma completamente realista.

O que eu não engulo, no entanto, é a justificativa para a entrada da vida de Bruna na vida de prostituição. Querer a independência, todo mundo quer, mas ninguém vende seu corpo pra isso. Acho que a Bruna queria mesmo era confirmar a imagem que as pessoas já possuíam dela....

Guto Angélico disse...

O filme é bom! E a Deborah Secco dá um show de interpretação. Discordo de quem disse que não vê motivações dela a virar prostituta. O filme mostra uma mulher forte, que não esconde o que fez e que amadureceu pelos seus atos.

Mirella Machado disse...

Esperava bem mais do filme. Pra mim conseguiu ficar mais raso do que o livro, focou no sexo e não nas dificuldades que ela teve. Não foi uma boa adaptação e Debora bem que tentou, mas conseguiu apenas dividr o público. Metade amou e já dizem que é um dos melhores nacionais, a outra metade apenas não enxergou interesse no filme. Eu particularmente não gostei mesmo. Abraços Cris :)

Amanda Aouad disse...

Pois é, o filme não explica as motivações e em alguns momentos tenta transformar a personagem em vítima da sociedade, principalmente na parte da derrocada. E acontece tudo muito rápido, um minuto ela está bombando no site, depois trabalhando por R$ 20,00 e logo depois consegue atingir a meta. Mas, é interessante, principalmente pela atuação de Deborah Secco.

bjs

Clenio disse...

Particularmente detesto a Deborah Secco, acho uma atriz limitada. Mas não tenho como negar que ela é a força motriz de um filme que, a meu ver, é totalmente desnecessário. Tirando o trabalho de entrega de Secco e as atuações dos sempre ótimos Cássio Gabus Mendes e Drica Moraes (esta última a razão que me fez assistir ao filme), "Bruna Surfistinha" é tenebroso.

O roteiro é superficial - "sou rebelde, vou virar garota de programa pra mostrar meu valor..." - o erotismo é fraco e o humor, quando aparece, é raso.

A protagonista não tem carisma - é uma adolescente chata e se transforma em uma mulher apática e vulgar - e o filme não se decide entre ser a jornada de "autodescoberta" de uma jovem reprimida ou uma lição de moral sobre os excessos da liberalidade...

E, sem querer parecer bairrista, não seria mais autêntico uma música brasileira nas cenas finais? Adoro Radiohead, mas "Fake plastic trees" no epílogo soa a oportunismo barato.

Não é questão de azedume, mas "Bruna Surfistinha" não serve nem pra excitar...
Clênio
www.lennysmind.blogspot.com
www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com

Elton Telles disse...

Olha, achei o filme bem safado - no termo negativo da palavra mesmo -, mas é muito, muito melhor do que eu esperava que fosse.

Como você bem pontuou, o roteiro peca por não mostrar as motivações que levou Raquel a ser prostituta - e eu não achei nada disso interessante HAHAHA - e a direção de Baldini não acho ousada, pra ser sincero, é até pautada demais no puro glamour para um livro que não evoca esse espírito luxuoso.

Com roteiro e direção falhos, além de uma estrutura convencional e - por que não? - conservadora, o filme ainda é cativante pela interessante história da personagem-título. Bruna Surfistinha é uma pessoa trágica, em busca de seu eu e a mulher, além de boa de cama - vai saber... - se mostra uma empreendedora e tanto rs, porque ela faz o que seu cliente quer e isso é demais. A fala "hoje eu não vou dar, vou distribuir" entra para as melhores quotes do cinema em 2011 AHUAUAHUA. E Secco manda muito bem, mas destaco Fabiula Nascimento, atriz excelente q merece mais atenção.

Cruzes, perdoe a monografia.


abraço!!!

Mayara Bastos disse...

Vou ver se consigo assistir nas férias, mas confesso que mesmo com os elogios em torno da Deborah Secco, não espero grandes coisas do filme, apesar do seu texto ter me motivado. ;)

Beijos!

Adecio Moreira Jr. disse...

Eu confesso que o filme surpreendeu. Entrei no cinema, na época, meio ressabiado, porque afinal, era um filme que tinha tudo pra ser um fiasco.

Mas nem foi o caso, o filme é muito bem dirigido, e Deborah está perfeita no papel!

o Humberto disse...

Muita coincidência eu ter assistido o filme no mesmo dia que vc postou a crítica. Crítica perfeita, a propósito.

A Déborah Secco é uma ótima atriz, apesar da fama que os críticos tentam emplacar (e ela é boa desde sempre, desde os tempos do "Confissões"). Mas o filme com certeza não merecia esse estardalhaço não, é fraco. A história dessa moça, a prost, não é essa coisa toda, vamos combinar.

Abrazos. ;)

Rabisco disse...

Olá!
Não conheço o filme nem tinha ainda ouvir falar, mas a vontade de o ver ficou e de uma forma muito aguçada!
Vou seguir a indicação!
=)

Abraço

Novo blogue em:

www.rabiscosincertossaltoemceuaberto.blogspot.com/

Ccine disse...

Realmente seu texto explica bem o filme.
O roteiro é simples e a direção e tb a atuação de Deborah Secco chamam a atenção.
Mais uma vez Parabéns pelo belo texto.
Prometo tentar entrar com mais frequencia no seu blog, ele é excelente.
Abraço.

Rodrigo disse...

O filme é legal. Posso dizer isso. Mas, como relatado no texto, o fato de não ter se importado com as motivações dela atrapalha. Sua saída de casa é brusca, sua decaída nas drogas mal-explicada, e sua volta incompleta e estranha. Parece que só o nudez importa. E cinema não é isso. Parecia, el algumas cenas, que estava vendo um longo pornô. Neste caso, óbvio, com excelentes atuações de Secco, Nascimento e Mendes. Abraços.

o Humberto disse...

"Sua saída de casa é brusca, sua decaída nas drogas mal-explicada, e sua volta incompleta e estranha. Parece que só o nudez importa".

O Rodrigo disse o que eu tava tentando dizer. Talvez essa descrição dele explique aquela sensação de "e daí?" que eu senti quando acabou. Afinal de contas, a história dessa moça deu filme por quê?

Wallace Andrioli Guedes disse...

Ótimo texto, Cristiano. BRUNA SURFISTINHA foi, para mim, uma agradável surpresa. Filme simples mas dramaticamente eficaz, corajoso na abordagem do sexo em meio ao puritano cinemão brasileiro atual. E com ótima atuação da Deborah Secco. Acho que há alguns problemas na narrativa, especialmente no início e no final, mas o "miolo" do filme é de altíssima qualidade.

Marcos Vinícius disse...

Para quem não leu "O Doce Veneno do Escorpião" ou nunca prestou atenção no show midiático protagonizado por Raquel Pacheco em alguns programas (de TV), "Bruna Surfistinha" soa como surpresa ao fugir do clichê 'sou prostituta porque gosto'. Quem vai esperando só sexo gratuito se engana e resvala num drama pesado que envolve drogas e uma certa 'ausência' de sentimentos.

Apesar disso, o filme tem alguns furos e é muito inconsistente. O esforço foi grande em juntar os pedaços mas tudo ainda é muito gratuito.

Como sempre, ótimo texto, ótimo blog!

Bruno Carmelo disse...

Oi, Cristiano, gosto muito do texto, principalmente por você insistir no fato do livre arbítrio. Engraçado como conseguimos assistir ao mesmo filme e extrair ideias bem distintas - mas complementares. Vou colocar um link para o teu texto no Discurso-Imagem. Abraço.

renatocinema disse...

Li o livro de Bruninha Surfistinha depois de assistir o filme e minha visão sobre o filme ficou a mesma.

Amigo dessa vez discordo de sua opinião.

Não entendo que as cenas do filme consigam boa sensualidade e nem que são fortes. Acho que faltou força nas imagens.

Deborah Secco, em minha visão, também não envolveu. Ela ser tão famosa acho que atrapalhou. Faltou uma atriz que se "entregasse" ao público pela primeira vez.

Esperei muito do filme e achei abaixo da minha grande expectativa.

Bruno Carmelo disse...

É verdade, não li o livro, e aprendo com você que ela se dizia uma "viciada em sexo"... eu não vi nada disso no filme, vi mais uma pobre garota ambiciosa que quer ser amada.

Concordo também que a direção seja meio maquínica, acadêmica demais, mas acho que para este tipo de filme sedução, a linguagem publicitária para vender uma garota-propaganda até que funciona.

Grande abraço, espero te encontrar no Skype em breve.

Fernando Fonseca disse...

Bruna Surfistinha é um filme-pipoca nacional baseado em sexo e pronto. Não tem profundidade, não há razões, não há roteiro, não há direção.

E não vejo motivos para elogiarem tanto a Deborah Secco no papel, visto que suas personagens mais marcantes na televisão sejam exatamente sexuais e apelativas. Ou seja, fez mais do mesmo. Natalie Lamour que o diga.

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