Sexualizando reflexão?

Como observar o dom realístico do ativista homossexual que se torna o primeiro político eleito em cargo público nos EUA? E cruel é observar sua trajetória antes de ser brutalmente assassinado. O filme Milk, dirigido pelo mestre da sensibilidade Gus Van Sant, é um recurso cinematográfico que concretiza uma história real, repleta de emoção e intensidade. A cinebiografia demonstra a trajetória de Harvey Milk (1930-1978): é amplamente intenso observá-lo de ex-homem-comum burocrático à homossexual assumido que luta por um espaço dentro de uma sociedade hipócrita. É crua sua vida sexual, repleta de amorosidade com seu parceiro Scott Smith que viabiliza uma parceria de amparo e dedicação ao longo de sua vida. Harvey Milk vira referência e símbolo do homossexualismo, funda uma loja de revelações fotográficas em São Francisco e, ao lado do seu namorado Scott, torna-se líder da comunidade gay da região. Tão logo revela-se pioneiro dos direitos homossexuais, tão logo se predestina ao âmbito das estratégias políticas do qual vive imerso - típico fenômeno de massa - em compania de colegas ativistas, inclusos os parceiros Cleve Jones - um garoto punk ativista - e seu colega e eventual assassino, Dan White: consecutivamente interpretados pelos inspirados Emile Hirsch e Josh Brolin. Harvey Milk é personificado com humanização e dramaticidade por Sean Penn, ator versátil e exímio camaleão. Seu duelo sentimental e a química sexualizada funciona muito bem com James Franco, este transmite uma veracidade interpretativa surpreendente no papel de Scott Smith. O roteiro de Dustin Lance Black proporciona diálogos afiados, questionadores e realísticos, além de viabilizar personagens tridimensionais. Como se conquista um direito numa sociedade limitada? Qual a importância da militância gay e qual efeito no estilo de vida? A película tem um teor de seriedade e sensibilidade, sem perder o foco na compreensão de um personagem que buscou, acima de tudo, o direito civil e uma identidade diante de um mundo opressor. O preconceito e a discriminação são problemáticas abordadas, o foco do filme é desnudar as relações de homens com homens: é tornar a sociedade atenta às suas próprias ignorâncias e cegueira. Sexualidade é opção ou condição? Quem há de convencionar tais valores? Ninguém é diferente de ninguém. O filme retrata um panorâma de paixões, sensações, comportamentos e personalidades no cerne dos movimentos GLS que revolucionou com nova configuração um país e, consequentemente, marcou toda uma geração. O psicológico reina com o contexto político-social. Filme necessário.

36 opinaram | apimente também!:

Guto Angélico disse...

Nossa! Pelo que escreveu fiquei interessado no filme! verei! Até pq adoro o James Franco

Paulo Alt disse...

Harvey... Harvey... a foto do post ficou muito boa, dá-lhe criatividade.
Tá ai uma postagem excelente do filme. Concordo com tudo o que você disse. Preciso confessar que quando comecei a assistir achei o personagem do Sean Penn um pouco com trejeitos um pouco excessivo. Pensei qual seria o motivo disso, da atuação. Algo clichê sem querer ou intencional? Mas depois pude ver videos do Milk real e o ator conseguiu interpretar direito. Achei a escolha dos dois principais e do restante do elenco grandiosa. Cena memorável do bilhete colado na geladeira, não vou esquecer. Na minha recordação mais memorável até do que o final. Um ótimo filme, recomendo pra quem ainda não viu e tá em dúvida. Veja. E logo, hehe.
abraçoo cris

Roberto Simões disse...

Um triunfo sensível, delicado e de muito bom gosto. Gus Van Sant eleva com subtileza e inconfundível mestria este biopic de pura essência a um patamar inegavelmente superior. MILK revela-se, portanto, um autêntico e sublime pedaço de arte.

Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema

Marcio Melo disse...

É realmente um ótimo filme, e importante como você mesmo comentou.

Além de tudo as atuações estão excelentes, vale mesmo a pena

Anônimo disse...

Excelente post, um filme inteligente que retrata uma realidade de forma inteligente e transparente.

Abs

Anônimo disse...

Gostei, quero até ver o filme depois desse post. :]

beijos.

História é Pop! disse...

É impossível falar do filme sem falar de Sean Penn. A cada novo trabalho ele mostra uma extrema versatilidade que assusta. Depois de assistir ao filme, procurei vídeos do verdadeiro Harvey Milk no Youtube. Isso só me deixou ainda mais impressionado com o trabalho de Penn. Seus personagens tem detalhes distintos e impressionantes.

obs: para variar uma ótima resenha!

Emanuel Maico (blins) disse...

Bela indicação sobre o filme, vou procura-lo!

Obrigado por comentar no meu Blogger!

vou te seguir a partir de hoje!

até mais.

Gema disse...

Ainda não tive oportunidade em ver Milk, apesar de ter bastante interesse em vê-lo.
Bjs

Marilis Dutra disse...

Primeiramente venho aqui agradeçer pelo comentário em meu ultimo post
no meu blog =Pp
tb já estou te seguindo

pelo seu post, ja me deu vontade de assistir parece um filme maravilhoso

Luís disse...

Percebo que eu sou o único contra essa maré de pessoas que adoraram Milk.
Talvez tenha havido falta de sensibilidade de minha parte ou talvez tenha sido meu profundo desapreço pelo ator principal, mas é fato que eu não achei Milk nenhuma obra-prima.
Achei-o bastante lento, deveras documentado. Isso atrapalhou definitivamente o entretenimento que tive ao conferir a obra. A única grande atuação é do secundário James Franco que, pela primeira vez, me surpreendeu e me fez inclusive pensar que ele deveria receber uma indicação ao Oscar no lugar do apático Josh Brolin, cujo personagem no filme seria facilmente classificado como insignificante se não fosse o fato ocorrido no final.
Há outros motivos também que me causaram desconforto ao ver a obra e isso fez com que eu me sentisse ainda mais pendente quanto ao que penso sobre Milk.
O filme é supervalorizado, definitivamente.
Depois de tudo o que eu disse, podem pensar que eu detestei o filme, mas não é bem assim. Achei-o mediano e sei que não o verei de novo nos próximos 3 anos -- a não ser que seja absurdamente necessário --, mas eu recomendo às pessoas que gostam de filmes embasados em histórias reais.
É isso.

Giovanna disse...

Muito bom o post, embora não tenha gpstado muito do filme "Milk", nem de "Má Educação", apesar de ser fã de Almodóvar. hehehe.

Parabéns pelo blog, estou seguindo! :)


Beijos!

Taciano de Jesus Mattos disse...

De fato, filme extremamente necessário! Além da incisiva descrição desta película feita por você, Cris, não se pode olvidar que a poesia é algo entrelaçado do começo ao fim da narrativa do grande Milk. E a fotografia ajuda demais, com cenas impactantes! "Meu nome é Harvey Milk e estou aqui para recrutá-los!" Em minha opinião pouco cinéfila, é o melhor filme do Gus Van Sant, não pela temática forte, mas porque ele soube enxergar que todas os grandes contecimentos da humanidade começam em pequenos sentimentos externados. Recomendo para um novo post o filme "Oldboy", do diretor Chan-wook Park, vencedor do prêmio do Juri de Cannes em 2003 (ou 2004), talvez um dos melhores deste novo século que vivemos! Abração! :)

Reinaldo Glioche disse...

Gosto muito da atuação do James Franco nesse filme. Para mim, é o que há de melhor. Não acho o filme lá essas maravilhas não. A despeito da boa reconstituição de época, do bom (e previsivel)roteiro do estreante Dustin Lance Black,e de um devotado Sean Penn, acho que milk, o filme, é uma biografia careta incensada por neo liberais que precisam viabilizar um discurso politicamente correto em tempos que os direitos civis se deslocam da "minoria negra" para a " minoria gay". Como drama, como cinema e como mimetizador desse universo peculiar, O segredo de Bokeback Mountain, sim, é só superlativos. Milk, para mim, fica no inferno das boas intenções.

Rodrigo Mendes disse...

Show CRis!!!

O texto e o cartaz que criou está ótimo.

O filme é muito bem escrito, atuado e dirigido. O Gus Van sant, como sabe, abraça o tema, já que é assumidamente homossexual e o roteirista Justin tbm.

Depois que vi o Sean penn neste papel,entendi a premiação do Oscar (embora tenha gostado do Mickey Rourke em " O Lutador").

Ser gay, bissexual ou hetero são condições da natureza humana e não opção (política, social etc..). Temos a nossa essência e cada ser humano é único.

Parabéns pela escrita. Sua resenha trouxe questionamentos que vão muito além do filme de Van Sant.

Abs!

Daniella Dal'Comune disse...

Eu gostei muito do Filme MILK.
Achei as interpretaçãos muito boas.
Mas, vendo o filme eu não indicaria o Josh Brolin ao Oscar. Achei, James Franco mais verdadeiro.

beijos...
passa no divã

Larissa Araújo disse...

Ahhhh, esse eu já assisti e gostei bastante! A atuação do Sean Penn está simplesmente maravilhosa. Você disse tudo, filme necessário.

Willian Lins disse...

Boa escolha Cris, é um ótimo filme, e vale a pena ser visto.

Abraço!

Cintia Carvalho disse...

Oi Cris!

Ja tem um tempinho que tenho escutado falar neste filme, porém, em virtude de tempo e de outras escolhas não o peguei ainda.

Seu texto ta muito bem escrito e pelo relato me parece valer a pena. Pelos comentários acima, temos opiniões bem opostas. Tem aqueles que amaram e os que odiaram. Preciso ver para fazer minha avaliação.

O que posso dizer é que gosto muito do Sean Penn como ator e diretor tb. Já o ator James Franco não o conheço. Vou prestar atenção em sua atuação ao ver o filme.

Um abraço.

Ju disse...

já ouvi falar sobre esse filme mas nunca assiti, depois desta ótima resenha cinematográfica ficou a dica.
;)
bjs

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

O fime é muito bom e a história de Milk bastante comovente pela causa em questão

Serginho Tavares disse...

um filme fabuloso com um excelente elenco e aquele tom de documentário
adoro o diretor também

Gabrielle Alano disse...

Venhamos e convenhamos que tem que ter muito "peito" pra se assumir, e eu admiro isso!

Não assisti o filme, mas acho bom retratar a realidade GLS e tentar quebrar toda esse preconceito da sociedade contemporanea. Além do que, opção sexual não representa a personalidade de ninguém.

@JayWaider disse...

O filme é sim mais que necessário, além de toda essa leitura sócio-política e cultural que vc aborda entender o contexto antropológico não só naquela época, mas hoje certamente nos apresenta duas concepções de Milk. Ademais e claro aqui no Brasil falta maturidade para entender o quão necessário esse filme é para entendermos de fato relações humanas, mais que condenarmos relações homossexuais. Numa sociedade parva, patriarcal, machista e hipócrita a compreensão acertada é privilégio de uns poucos.
Se antes de assistirmos a um filme como esse, uma sinopse ou uma abordagem como essa sua nos fosse jogada ao colo, nossos olhos fariam outra leitura do filme. Parabéns.
Bju
Jay

Luiz Fernando disse...

Todos pregam a liberdade. porém não concordam que devemos usa-la a nosso favor! Se somos livres. por que nos reprimir?

Eu acredito no amor e sei que ele não se apresenta através dos sexos e sim dos verdadeiros sentimentos. O importante é amar e ser feliz!

- Seja bem vindo ao blog! Muito obrigado pelo elogio. fiquei muito feliz ^^

Caio Marques disse...

Bons tempos os anos 60, 70, 80... as pessoas lutando por seus direitos, gente politizada buscando seu lugar ao sol...

infelizmente parada gay hj é uma micareta pra viado sem conotação política alguma :(

Ribeiro Pedreira disse...

Obrigado pela visita, nobre Contreiras. Gostei muito do seu blog, bastante apimentado, polêmico e sagaz. Parabéns! Aparecerei mais vezes.

História é Pop! disse...

Deixei um selinho lindo para você no Vintage. Passa lá e pega tá!?

bjim

Boa noite

Gustavo disse...

Um filme que não tive a oportunidade de assistir, apesar de já conhecer (em parte) o trabalho do diretor. "Elefante" foi o filme que me apresentou a ele e - como já foi dito - mestre da sensibilidade é um título merecedor, com certeza. Muito obrigado pelo comentário, acabo de me tornar também um seguidor do seu blog; o dom da boa escrita rodeia suas palavras, e o gosto pela expressividade finda nossas distâncias! Abraço.

Unknown disse...

É o peso da bandeira.
Pena o Milk não ter fomentado mais líderes como ele mesmo.
Achei tuas colocações precisas.
Tens aqui um novo parceiro de ideias!!
Abs

Márcio Brasil disse...

Oi, Cristano. Tudo bem? Tua crítica está maravilhosamente bem construída. Muito gostosa de ler e desperta a vontade de ver ou rever esse filme extraordinário. O Gus Van Sant produziu uma obra que esbanja sensibilidade. A interpretação de Sean Penn e também de James Franco são espetaculares nesse filme recheado de ideais. Parabéns pela tua escrita!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Greta disse...

Filme muito bom...
poucos me emocionaram (e me indignaram)tanto quanto este.
O preconceito é mesmo um lixo.

--- disse...

Um filmaço de Gus Van Sant! um filme comovente, direto, nada sem soar forçado, mas correspondendo as expectativas do roteiro e sua narrativa fluente.Tem uma edição primorosa, uma belíssima trilha sonora e uma mostruosa atuação de Sean Penn.

Clenio disse...

O que mais me encanta neste filme é que ele não é um filme panfletário ainda que verse sobre um tema que necessita - ainda hoje - um respeito e uma visão real e honesta. Talvez por ser homossexual assumido, o diretor Van Sant pôde contar a história com a urgência e a paixão que são mandatórias. É um filme engajado? Sim, como deveria ser. É um filme gls? Não, é um filme sobre pessoas que lutam por seus direitos de cidadãos, de forma íntegra e honesta. Sorte que tudo flui às mil maravilhas, desde o roteiro premiado merecidamente com o Oscar até as atuações impressionantes - o talento de Sean Penn nem me surpreende mais, mas Emile Hirsh, Josh Brolin e James Franco merecem minha admiração incondicional a partir de agora.
Um filme essencial para quem ama e respeita pessoas independentemente de quaisquer raça, vida sexual ou religião.

Ótimo texto, querido.

Bjo, Clênio
www.lennysmind.blogspot.com

Anônimo disse...

Necessário. Você disse tudo. Assisti e recomendo.

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