Desmistificando Dexter

Já pensou no Dexter, o indivíduo, explícito na mídia? Inevitavelmente, ele iria apreciar poder mordiscar um pouco de sua psicopatia sexualizada. Então, imaginemos sua popularidade em todas as capas de revistas, feito um verdadeiro ser humano à espreita: deliciar-se-ia em exibir seu status de assassino em série? Dificilmente. Obviamente, é fato que trabalha mascarado como especialista em padrões de dispersão de sangue, no departamento policial do Condado de Miami-Dade. Mas Dexter Morgan é um ser bem astuto, a publicidade iria ser apenas um belo frisson a sua personalidade meticulosa, afinal sua inteligência jamais iria se revelar totalmente, nem mesmo sua criminalidade viria a tona. Dexter conduz com seu charme habitual, mascarando suas vicissitudes macabras, repleto de muita elegância sexual e criatividade para driblar sua vida movida a sangue. A sua sociopatia engloba sua doença, seu egocentrismo é exageradamente patológico, engano é acreditar que vive bem com isso. Existe prazer nele em exercer o estado apurado de serial-killer? Ele é mais além: sabe decifrar a mente de outros assassinos, pedófilos e até estupradores. Dexter tem fome assassina, seu orgasmo está aliado ao ato de atrocidades que comete. Como um prazer pode ser tão mórbido? Seu lado psicótico? Matar com requinte de crueldade, seu estado oscila entre a insensibilidade ou uma afetuosidade aparente.

Há alguns que condena a subversão de Dexter, outros o consideram o Shakespeare da crueldade, mas é nítido seus impulsos homicidas. Talvez seja uma conseqüência clara da educação que teve em vida, pelos pais. Dexter demonstra de modo superlativo algo que todo ser humano tem, sutilmente: o lado sombrio. Outro ponto refere-se à máscara criada e contextualizada por Dexter para se ajustar como um ser normal e passar despercebido. Evidentemente, demonstra algo que todos fazem: se adaptam, finge ser o que não é para ser aceito na sociedade. Todos usam máscaras? A diferença consiste apenas o grau da simulação, da falsidade. Dexter é o grau extremo, pois usa a máscara a maior parte do tempo. Somente matando que se revela verdadeiramente?

Observá-lo com sua mão usando luva cirúrgica e segurando um bisturi, ambos sujos de sangue, é amplamente atraente. Mas há um medo que surpreende. Ele também é dotado de carisma, charme e sua educação demonstra respeito onde trabalha. As mulheres o adoram só por que ele gosta de crianças? De dia, um ser socialmente trabalhador. À noite, um perverso incondicional. Usa todo o próprio conhecimento e instinto psicótico para achar e matar os criminosos que ele caçou durante o dia. Isso faz com que ele viva um contraste diário entre o bem e o mal. Mas ele canaliza toda a sua vontade de matar para acabar com os outros assassinos em série. A série Dexter é um estudo da própria abordagem de um sociopata?

O roteiro baseada no livro Darkly Dreaming Dexter, de Jeff Lindsay, e com o intenso Michael C. Hall no papel-título externa as características comuns de um serial-killer: aparente pessoa normal, escolhe as vítimas de acordo com algo comum a elas, que pode ser religião, idade, cor da pele, etnia, etc. Quase sempre não usam armas de fogo, a morte quase sempre é preparada, para o serial-killer é como se fosse um culto. Matam seguindo mais ou menos o mesmo espaço de tempo entre uma vítima e outra. Dexter, o assassino, também mata as pessoas que a polícia não consegue prender. Na série o conceito se renova? Obviamente, o trabalho da premiada série alia-se de um teor de suspense e uma boa dose da verve psicológica dos personagens. Dexter é um personagem que já nasceu clássico.

29 opinaram | apimente também!:

ANGELICA LINS disse...

Aprecio o seu modo de analisar as coisas. Assisto Dexter e concordo: "Ele já nasceu clássico"
Estou sempre por perto.
Abraço!

André disse...

Olá

Dexter tem sido minha série preferida nos últimos tempos, seja pelo gênero suspense ou pelo prazeroso e complexo roteiro, de diálogos simplesmente fantásticos.

O que me chamou atenção inicialmente foi aquele lado sombrio que você citou, presente em todos nós, ninguém se pode dizer bomzinho 24 horas por dia, 365 dias do ano. A forma como se desenrola o contraste entre o bem e o mal é fascinante, tanto quanto a guerra psicológica interior, mesclando crueldade e afeto. Uma série que trata dos extremos sentimentos presentes em todos nós: bem, mal,conduta e moral.

Frase preferida: “Eu gosto de fingir que sou sozinho, completamente sozinho… Não existem segredos na vida. Apenas verdades escondidas, que ficam sob a superfície. E há anos estou flutuando na superfície da minha vida.”

André

Marcio Melo disse...

Taí uma série que sempre insistem para eu ver e eu nunca arrumo tempo.

Mas da fila de 'novas' séries para assistir, Dexter está em primeiro lugar

BRENNO BEZERRA disse...

Me sinto envergonhado por todos acompanahrem séries e eu não.

BRENNO BEZERRA disse...

Me sinto envergonhado por todos acompanahrem séries e eu não.

Ranger Azul disse...

Cris, Dexter é uma série brilhante! Em todos os sentidos.

A forma como é tratado um serial killer é muito bem definida. E a tensão é grande até a chagada dos episódios finais de todas as temporadas!

Dexter vale muito a pena!

Paulo Alt disse...

Uuuia!

Cris,

Engraçado, Dexter encanta todo mundo. Enquanto eu tava lendo minha mãe passou pelo corredor e disse "tá vendo o Dexter ai é", eu dei risada. Assisti a 1ª temporada e tenho o dvd, eu adoro.

Poxa, é o primeiro post de uma série que eu vejo aqui. Se não to errado, claro. Hey, surpreendeu! Notei uma diferença boa tb na concepção do post, algo do apimentário mas ao mesmo tempo diferente, e gostei. Não sei dizer o que. Você saberia? Ou será que to dizendo besteira?? Cris, faça mais disso também, sério.

Os conceitos do Dexter ~~
o orgasmo como a concretização das atrocidades. Escolheu um ser que é "assexualizado" e "bonzinho" pra parar no Apimentário, hein? É quase como um post do mesmo grau mas reverso do Sexy Psycho. Shakespeare da crueldade.

Parabéns pela sua desmistificação dele. Passei a gostar do Michael C. Hall por essa série. Não prestava tanta atenção nele em Six Feet Under.

"Dexter é um personagem que já nasceu clássico"

Ahhhhhhh... e esse top apimentário da semana hein. Deu uma colorida e ilustrada pra cá. Tá aprovado, hehe.

Abraço meu Amigo ^^

JB disse...

Dexter é apenas e só a melhor série da actualidadee uma das melhores de sempre!
Michael C. Hall é genial!

Arthur Alter L. disse...

Enquanto você fez essa belíssima análise sócio-psicológica de Dexter eu lia imaginando e relacionando tudo isso aos nossos embates pessoais, com nossa luta interior. Todos nós somos assim em doses e certames que envolve desde atitudes e simples palavras o ponto é que crueldade, sexualidade e passionalidade interagem em nós mas nem sempre em equilíbrio.
gostei das desmitificação do personagem.
Grande abraço.

Jota disse...

Vc é bem critico em suas análises. Nunca nem ouvi falar dessa série (sou leigo no assunto cinema), enfim, nem tenho o que opinar.

Anônimo disse...

Olá, antes de mais nada, parabéns pelo blog!
E por acha-lo de muito bom gosto é que o/a convido a vir conhecer a proposta do meu Blog para você.

Aguado sua visita!

Forte abraço!

Ka s2

--- disse...

cara, você escreve incrivelmente bem. Gostei muito do blog! muito mesmo!
e quanto ao post.

Dexter é uma das minhas séries preferidas e com certeza desenvolveu um dos personagens mais interessantes que já existiram. Há uma grande e cuidadosa criação e desenvolvimento psicológico tanto dele - e seus instintos animalescos, sua capacidade de controlá-los , o próprio senso moral do serial killer, sua capacidade de julgamento e a sua "crueldade" perante tais situações e na formação de sua familia - quanto dos próprios vilões e sua ligação com o Dexter.

E Parabéns pelo blog.

Leo disse...

Grande texto que faz juz à grande série!

Eduardo Albuquerque disse...

Ótima análise. O blog é ótimo e você está de parabéns. Seguirei atentamente as novas postagens.

Abraços.
Crítica com Pipoca.

Mandy disse...

Uma das melhores séries da atualidade!

Rodrigo Mendes disse...

Um tanto mórbido!

Preciso conferir a série pra ver se me atrai. Na verdade sua leitura sexy desta obra televisiva é curiosa.

O ator é lindo..entao isso ja vale a pena uma olhadinha na telinha.

Mas sei lá viu Cris, esse tipão (mesmo na ficção) não é tão atraente pra mim. Bale em 'America Psycho' tinha um ego beberrão que me irritava, mesmo adorando uma história trash-elegante!

É a moda 'psycho' né? E o Apimentário adora apimentar. rs!

Abs!

André Noronha disse...

"já nasceu clássico". boa... mas ainda nao posso dizer nada. ainda nao vi. verei. ei ei.

Cristiane Costa disse...

Dexter me faz lembrar do livro "Mentes perigosas o psicopata mora a lado" e ele mora mesmo, talvez não ao ponto de matar como Dexter, mas um outro tipo de morte, a de ferrar com a vida do outro sem um pingo de arrependimento, com todas as máscaras sociais e com uma boa dose de carisma, sedução e refinamento. Por isso a série é atual, ela consegue dar conta de que os psicopatas mais elegantes e inteligentes que existem podem estar mais próximos do que imaginamos.

bjs madamísticos e parabéns pelo post. Cada dia mais gosto do meu amigo blogger apimentário.

Ygor Moretti disse...

T ai mais uma série que gostaria de acompanhar, mas no final não tenho saco pra séries a idéia de ficar preso, depnedente de uma coisa não me agrada...

Danielle Crepaldi Carvalho disse...

Uau, seu blog é demais! O layout, as imagens, os textos. Como é que eu não trombei contigo pela net antes? Logo vou parar com mais calma para lê-lo. Se você quiser, me visite em www.ofilmequeviontem.blogspot.com

Abss
Danielle

Amanda Aouad disse...

É, o personagem "já nasceu clássico". E acho que é isso mesmo, ele reinventa o desgastado Serial Killer. Seu instinto domado pelo pai adotivo (matar apenas criminosos confirmados), sua frieza, o mistério do roteiro, as pessoas que o cercam. É tudo muito bem construído e nos vemos torcendo pelo bandido que tememos a vida inteira.

bjs

Reinaldo Glioche disse...

É isso mesmo. Um personagem que já nasceu clássico. Adoro Dexter.Para mim uma das melhores séries da atualidade e uma prova cabal de qão boa anda a tv americana. Michael C.Hall está mesmo sublime no personagem.

Um adendo especial a ótima analogia Shakespeare da crueldade. É bem iso mesmo. rsrs

ABS

bruno knott disse...

Dexter é uma das melhores coisas que eu já vi em termos de televisão.

As narrações em off da série são perfeitas para podermos compreender ainda mais nosso herói.

Um episódio no qual representa bem esse lado sexual da série, é um na segunda temporada, quando ele havia ficado um bom tempo sem matar alguém e quando finalmente mata, a cena toda é filmada como se ele estivesse no extase de uma relação sexual. Excelente.

Lana disse...

Adoro este seriado! Os episódios são criativos e bem construídos. Dexter é um psicopata simpático e carismático, caracterísitca incrível para um personagem que deveria ser o vilão!A Primeira Temporada é divina!

Arthur Damaso disse...

Dexter é um ótimo seriado... Terminei a Quarta Temporada... O Final foi simplesmente inesperado.

Caju disse...

Dexter é mara. Simplesmente babo a cada episódio. É minha série preferida. A melhor dess 'estilo'. Vc tratou do assunto de uma forma magnífica. Parabéns!

Abraço.

Anônimo disse...

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Eliandson José disse...

Gostei, sou fã da série

Dexter prova que até cruéis serial-killers, psicopatas, justiceiros e talz, tem semelhanças com pessoas (nós)que se auto-julgam e declaram normais. Doce ilusão.

História é Pop! disse...

Dexter é o herói do período em que vivemos marcado por violência injustiças, incompetência dos sistemas judiciários etc...etc...etc...
Por que não adorá-lo e amá-lo? Ele consegue resolver e sanar o problema da sociedade moderna nos livra da escoria da sociedade. Sim eu amo esse anti-herói possuidor de carisma, sentimentalismo e tudo mais.
Uma das poucas peonagens que realmente deu ao Assassino do Bay Harbor a importância que merecia foi por incrível que possa parecer a Mãe de Rita. Concordo quando ela diz que o Serial está fazendo um favor à sociedade.
Amo Dexter, meu anti-heroi preferido. Sexy, sensual, charmoso e inteligente!!!!

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