Sem Regras para Amar é definitivamente o que há de mais saboroso do realismo do homoerotismo dramático. Irrevogável espetáculo de emoções, humanismo contundente. Trata-se, portanto, de um atributo necessário ao conhecimento de todos: inevitavelmente, foi o primeiro filme a abordar profundamente a homossexualidade no princípio da década de 1980, totalmente naturalizado e sem estereótipos habituais. A trama foca na história de um médico bem sucedido - Zack Elliot (Michael Ontklean) é casado há mais de 8 anos com Claire (Kate Jackson), uma executiva de uma rede de televisão. Ambos vivem imersos em sintonia, afetividade e harmonia. Mas eis que Zack luta, desesperadamente, por seu sentimento de atração por outros homens. Enquanto o roteiro desnuda sua relação matrimonial e cotidiano profissional - expressa-se o outro lado de sua intimidade: Zack tem tesão em observar homens transeuntes pela rua, silenciosamente freqüenta bares homossexuais para observar e flertar e sua hora de almoço também vira sinônimo dessas procuras pelo próprio desejo em chama. Como enfrentar a própria ebulição de um tesão prestes a explodir? Voyeurismo? Sexo casual? Por acaso, constância surpresa, Zack conhece Bart McGuire (Harry Hamlin) - um escritor que o procura numa consulta para se medicar. Veemente, ambos se sentem atraídos um pelo outro: da amizade súbita, entre um almoço e jantar ali e acolá, da admiração que se revela como um zelo: o desejo verbalizado.
Zack descobre-se com fome de transar e viver sua própria escolha sexual, mais além: enxerga em Bart a chance de exprimir toda sua sentimentalidade, favorecendo sua essência da sexualidade, sem repressão. Contudo, Bart se nega a corresponder a firmação de um relacionamento sério, enquanto Claire questiona o marido pela mudança de comportamento e fragilidade na atmosfera sexual a dois. Como assumir o efeito de "sair do armário" sem abalar a esposa por quem tem tanto carinho? E como não abalar a si mesmo? Enquanto Zack deseja estabelecer um relacionamento estável, similar ao casamento heterossexual, Bart representa de certa forma a visão estereotipada dos gays, promíscuos e desinteressados em assumir compromissos.
O roteiro intercala esses questionamentos: a necessidade de certas pessoas priorizarem a fidelidade, outros por temerem a frustração - optarem pelo descaso afetivo em relações apenas firmadas no sexo casual. O discurso do filme desconstrói gêneros sexuais: prioriza a construção da satisfação, do prazer do corpo e da compreensão de um ser perante uma sociedade mascarada. O diretor Arthur Hiller explora ao máximo a situação da tensão entre os três personagens: o inusitado triângulo amoroso, a situação de escolha, a valorização pela identidade sexual e as motivações comportamentais. O cuidado da direção é evidente no tom emocional dos atores - Ontklean, Jackson e Hamlin estão naturalmente intensos em desempenhos explícitos de sentimento, densidade e caracterização de puro talento minimalista. O filme é um estudo sobre o limite do amor e do desejo, a firmação da identidade sexual e a contextualização de um homossexual em busca de afeto, companheirismo e auto-entendimento em meio ao desejo.
É um trabalho irretocável, superior a muitos filmes conhecidos do âmbito homossexual, provavelmente o melhor do tema já proposto por ter verve no melodrama convincente. Sem ser piegas, tratou de valorizar e humanizar um personagem em busca de sua essência sexual, livre de preconceitos e conflitos. A trilha sonora de Leonard Rosenman é melódica, melancólica e viabiliza o tom passional dos personagens centrais (a canção-tema "Making Love" cantada por Roberta Flack é singela em beleza). Os mini-monólogos dos três no decorrer do filme tornam o espetáculo narrativo mais palpável. A dramaturgia cinematográfica nunca foi tão gostosa, inegavelmente um primor emocional de reflexão humana. Faz-se, nítido, um ato de performance sincera revestida de sentimento.
Zack descobre-se com fome de transar e viver sua própria escolha sexual, mais além: enxerga em Bart a chance de exprimir toda sua sentimentalidade, favorecendo sua essência da sexualidade, sem repressão. Contudo, Bart se nega a corresponder a firmação de um relacionamento sério, enquanto Claire questiona o marido pela mudança de comportamento e fragilidade na atmosfera sexual a dois. Como assumir o efeito de "sair do armário" sem abalar a esposa por quem tem tanto carinho? E como não abalar a si mesmo? Enquanto Zack deseja estabelecer um relacionamento estável, similar ao casamento heterossexual, Bart representa de certa forma a visão estereotipada dos gays, promíscuos e desinteressados em assumir compromissos.
O roteiro intercala esses questionamentos: a necessidade de certas pessoas priorizarem a fidelidade, outros por temerem a frustração - optarem pelo descaso afetivo em relações apenas firmadas no sexo casual. O discurso do filme desconstrói gêneros sexuais: prioriza a construção da satisfação, do prazer do corpo e da compreensão de um ser perante uma sociedade mascarada. O diretor Arthur Hiller explora ao máximo a situação da tensão entre os três personagens: o inusitado triângulo amoroso, a situação de escolha, a valorização pela identidade sexual e as motivações comportamentais. O cuidado da direção é evidente no tom emocional dos atores - Ontklean, Jackson e Hamlin estão naturalmente intensos em desempenhos explícitos de sentimento, densidade e caracterização de puro talento minimalista. O filme é um estudo sobre o limite do amor e do desejo, a firmação da identidade sexual e a contextualização de um homossexual em busca de afeto, companheirismo e auto-entendimento em meio ao desejo.
É um trabalho irretocável, superior a muitos filmes conhecidos do âmbito homossexual, provavelmente o melhor do tema já proposto por ter verve no melodrama convincente. Sem ser piegas, tratou de valorizar e humanizar um personagem em busca de sua essência sexual, livre de preconceitos e conflitos. A trilha sonora de Leonard Rosenman é melódica, melancólica e viabiliza o tom passional dos personagens centrais (a canção-tema "Making Love" cantada por Roberta Flack é singela em beleza). Os mini-monólogos dos três no decorrer do filme tornam o espetáculo narrativo mais palpável. A dramaturgia cinematográfica nunca foi tão gostosa, inegavelmente um primor emocional de reflexão humana. Faz-se, nítido, um ato de performance sincera revestida de sentimento.
29 opinaram | apimente também!:
Pra falar a verdade eu nunca tinha ouço falar do filme , mas pelo texto parece ser um filme muito bom.
sem contar que a filmografia de Arthur Hiller sabe fazer filmes de amor !
ótimo texto !
Nossa amigo! Realmente me interessei por esse filme, baixarei! E realmente tem um " que" de Guto na historia. Parece ser muito bom, pelo menos seu comentario me interessou!
LEO: Arthur Hiller é um diretor que sabe e entende do coração! De fato, um belo filme que é meio esquecido! Deveria ter sido lançado em dvd!
GUTO ANGÉLICO: Veja, sim! Eu sei que ele é fácil de baixar em diversos sites por aí. Um ótimo filme!
Gostei do texto. Nunca tinha lido nada sobre o filme. Acho piegas a cinematografia da década de 80, mas cogito assistir esta obra.
Abraço!
Ainda não vi esse filme!
vou procurar e quando assistir te dou uma opnião formada sobre.
É sempre bom vir aqui, você nos faz ter vontade de assistir os filmes logo depois que lemos o post.
Um abraço!
FRED BURLE: Há pérolas poucas na década de 1980, esse filme é uma delas. Vá por mim, confie!
WILLIAN LINS: Este você deve gostar, se puder faça o download, tem disponível em diversos sites por aí.
Cris, desculpe-me pela demora por observar e absorver o seu blog. É, no mínimo, digamos, "excessivo" em informações e subjetividades. O que desejo transmitir com a minha mensagem é que o seu espaço é muito bom. Muito bom mesmo. Tiro o chapéu para todo o trabalho que você está tendo desde a "fundação" destas picantes opiniões. Parabéns! E ajude-me em minha trajetória tb. Risos. Abraços.
Olá Cristiano. Gostei sim do seu blog. Bem legal e diferenciado, falando de filmes não muito comuns em qualquer roda de cinéfilos. Garimpo total. Parabéns. Vou linká-lo ao meu. Mas não vi o link do meu no seu? Aguardo retorno. abs.
André Moreira
Vertigo Pop
http://www.vertigop.blogspot.com
Também não conhecia, parece mesmo interessante, vou procurar.
bjs
FABRICIO DUQUE: Muito obrigado, viu? E, é claro, que ajudo sim! Abraço!
ANDRÉ MOREIRA: Grato! E teu blog está na minha lista aqui, basta olhar, abraço!
AMANDA AOUAD: Procure, veja e reflita! Ótimo filme! Beijo!
Nunca vi.É interessante e esta premissa acontece e muito na vida real.
Bela ressuscitação, de uma fita morta.
Abs!
Cristiano, mais um filme do fundo do baú, não é mesmo ?? hehehe
Também nunca tinha ouvido falar desse filme, acho que se não fosse essa crítica talvez nunca iria ler um comentário sobre o mesmo.
E fiquei com muita vontade de assistir ...to procurando pra baixar !
RODRIGO MENDES: Tenta ver, o mais rápido possível, tá? rs
ALAN RASPANTE: Veja, sim! Um belíssimo filme sincero!
Mil perdões, mas eu nunca tinha ouvido falar nesse filme.
Resgatou esse lá do limbo, hein? Mas é incrível a sua capacidade de fazer com que a gente tenha vontade de ver um filme apenas argumentando sobre ele. Há tempos não ouvia falar desse, que ainda não vi; mas já coloquei pra fazer o download. Aí poderei dar a minha opinião! Um abraço ^^
Nossa, relíquia esse filme, eu não lembrava dele, na verdade, nunca assisti, só ouvi falar. Aqui como sempre, interessante, cinéfilos de plantão. :)
Nunca ouvi falar nesse filme antes, mas seu texto o deixa bem interessante.
BRENNO BEZERRA: Pois, é um ótimo filme! Poucos conhecem, recomendo mesmo!
LUIS HENRIQUE: Do limbo nada! rs Um filme precioso, espero que assista logo! rs
R@MON VITOR: Veja se consegue assistir esse filme, tem alguns sites que disponibiliza. Vá por mim, é ótimo!
KAMILA: Eu acho que você irá gostar, pelo que já conheço de seus gostos! Estavas sumida, hein? rs Abs!
Aaah nao sei, estou meio cansadinho desses filmes de homens casados q descobrem sua sexualidade sabe, nao sei, depois surge o fetiche e ninguem sabe porque, esotu afim de ver um filme bem explicito nesse negocio de ser gay ou lésbica, mas eh por conta de um momento pessoal, de convivio com muita hipocrisia, q raiva rs. Abraçooo!
Parece interessante. O único papel que vi Michael Ontkean fazer foi em Twin Peaks, onde ele era um dos personagens principais.
Abraços!
Mas um filme apimentado que não conheço, mas tenho que apresentá-lo pra um amigo meu meu. essa história de ter medo de se assumir é ridícula. Ter medo do que os outro vão pensar sobre você é a pior coisa do mundo, você acaba se limitando a tudo. eu vou pedir pra ele vir aqui no seu blog. Bjoss
Oi Cristiano
Cara, perdi meu blog anterior e o estou reconstruindo, continua sendo Momentos Compartilhados. Estou me tornando seguidor de todos os meus amigos virtuais e chamando eles a passarem por lá.
Gostaria de que vc fosse um desses amigos a estar lá.
Abs
Gilson
Tô te add lá no blogrrol do CineButeco, ok? Abs.
Puxa! este deve ser dos bons... mas será que é fácil encontrar em locadoras? Ou então, tem torrent dele?
Oi, Cris
Lembro de ter assistido a esse filme numa dessas madrugadas da TV aberta, há muitos anos.
Na época nem prestei atenção em detalhes dramáticos e afins, apenas assisti e gostei (não tinha o senso estético e a experiência de agora hehe).
Provavelmente o assisti com cortes mas nunca mais revi.
Grande abraço.
RENATO ORLANDI: Eu entendo, mas não se canse, há bons filmes, ainda, por aí! E este tem beleza, acredite! Veja o filme!
CIRO HAMEN: Veja este filme, acho o desempenho de Michael Ontkean muito bom!
MIRELA SANTOS: Filme apimentado mesmo, rs...Veja se assiste e recomenda este filme, Sra Blogmurus.
GM: Ok, GM!
FERNANDO: Não acha mais em locadoras, acredito. Mas, tente baixar pela net, vale a pena! Tem no torrent, sim!
CLENIO: Então, é um ótimo filme e eu acho que se você rever, pode gostar mais ainda! Se possível, procure! Anda sumido, né? Abraço!
GALERA: Aos interessados, o filme tem disponível em diversos sites.
http://www.megaupload.com/?d=YQC7GEHK
Este link é um deles, tentem.
Abraço a todos!
Não tive a oportunidade de assistir, mas este filme foi lançado por aqui nos anos oitenta com o título "Fazendo Amor".
O curioso é o filme ter sido dirigido pelo especialista em comédias Arthur Hiller, que por sinal nunca passou de um diretor mediano.
Abraço
hi, new to the site, thanks.
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