O trabalho singelo do filme japonês Amor da minha vida, adaptado de uma premissa concebida em um quadrinho japonês, da escritora Ebine Yamaji, é extremamente delicado. O filme foca na relação de duas estudantes, Eriko (Asami Imajuku) e Ichiko (Rei Yoshii): a primeira tem uma conturbada relação com a família, não consegue se adequar aos padrões rígidos do pai ausente, apático e austero que condena o lesbianismo; a segunda, pelo contrário, vive um condicionamento familiar firmado na felicidade e tranqüilidade. Mas eis que a vida lhe reserva uma surpresa significativa: Quando Ichiko decide apresentar a namorada ao pai, numa atitude de evidenciar sua condição homossexual, descobre que ele é gay e que sua mãe, morta há alguns anos, também era lésbica. Inicialmente, o fato causa certo incômodo: Por que por todos esses anos os pais esconderam esses segredos? Será que ela, filha única deste estranho e inusitado relacionamento, teria nascido de maneira não desejada? Por impulso, Ichiko demonstra uma certa fragilidade por acreditar que toda sua vida foi uma falsa ilusão de felicidade. Porém, seu pai trata de mostrar que ela foi uma dádiva em sua vida - ele, obviamente, tinha uma relação de admiração e amizade com a esposa. Mas, o casamento era de fachada: enquanto a esposa tinha um caso com outra mulher, com seu consentimento e cumplicidade; ele manteve uma relação com um homem mais novo. Echiko procura entender o relacionamento sexual dos pais, mas vai além: Como fazer o pai se assumir? Como estabelecer uma conexão mais madura com ele? Ambos fortalecem os laços com as revelações, visto que têm mesmas semelhanças e proximidade na condição sexual.
O singelo filme procura narrar o relacionamento sexual, amoroso e passional das duas jovens - mas, com um roteiro direto e sem adornos psicológicos, revela-se como um simples melodrama familiar. Eri e Ichiko demonstram uma amizade sem artifícios, uma química sexual juvenil que não se condiciona no tédio: mas, nota-se, uma sintonia carinhosa de fêmea para fêmea que é pura beleza. De brincadeiras, afagos e beijos, à cenas de banho da intimidade - do olhar de uma para a outra - que o carinho desponta como forte critério de romantismo feminino. O roteiro tem diálogos que caracterizam a linguagem feminina - são falas, gestos e sensações adolescentes bastante reais. Há certas frases de efeito, sutil teor de humor em uma ou outra cena, mas não compromete a dinâmica narrativa. E a simplicidade de amor e sexo torna a vivência das personagens mais próximas, tangíveis.
É fácil se identificar: há cenas de Eri e Ichiko na cama, uma apenas acariciando o cabelo da outra; ambas abraçadas em plena ternura numa praia desolada, enquanto tiram fotos do momento sentimental; o beijo de uma para a outra com um morango entre os lábios... - momentos significativos, singelo, muito simplório que adoça o filme com nítida delícia da paixão. A cena de sexo entre as duas, repleta de beijos no corpo e nos seios, a câmera percorrendo as formas redondas de ambas, é pura beleza. Não é vulgar, é delicado. É gracioso vê-las, andando juntas, em plena efervescência urbana de Tóquio. Contudo, há conflito entre as duas também: o romance, aparente perfeito demais, tende a se fragilizar quando Eri passa a refletir sobre a importância da relação e demonstra certa inconstância, dúvidas. Já Ichiko, dotada de um otimismo quase constrangedor e, por vezes, irreal, consegue ver esperança em tudo - e ainda ajudar o melhor amigo, Take, a sair também do armário e o convence da necessidade de externar seus reais desejos. Ela mostra ao amigo os valores de sinceridade, auto-aceitação. Bem verdade, Ichiko, com seu espírito tranqüilo, é mediadora dos conflitos do filme - consegue até combater a pressão da família de Eri que insiste em forçá-la em ser advogada, sendo que ela tem aptidão e prazer pra ser escritora. E a relação também sofre até abalos de traição: Ichiko sente curiosidade e interesse por uma garota misteriosa que freqüenta o seu ambiente de trabalho, uma loja de cds.
Como manter o sentimento imaculado? O que prevalece na relação? O pequeno filme pauta esses valores de sentimento, relação e conflitos familiares com prioridade. A direção de Kôji Kawano é correta, mas não compromete já que as atrizes principais conduzem o filme com simpatia sentimental. De fato, o amor se sustenta em situações surpreendentes onde algumas das melhores coisas da vida emergem das experiências mais difíceis. "Porque me dei conta de que ser eu mesma me protege mais fortemente que qualquer coisa. Só sou o resultado de minha forma de sentir."
O singelo filme procura narrar o relacionamento sexual, amoroso e passional das duas jovens - mas, com um roteiro direto e sem adornos psicológicos, revela-se como um simples melodrama familiar. Eri e Ichiko demonstram uma amizade sem artifícios, uma química sexual juvenil que não se condiciona no tédio: mas, nota-se, uma sintonia carinhosa de fêmea para fêmea que é pura beleza. De brincadeiras, afagos e beijos, à cenas de banho da intimidade - do olhar de uma para a outra - que o carinho desponta como forte critério de romantismo feminino. O roteiro tem diálogos que caracterizam a linguagem feminina - são falas, gestos e sensações adolescentes bastante reais. Há certas frases de efeito, sutil teor de humor em uma ou outra cena, mas não compromete a dinâmica narrativa. E a simplicidade de amor e sexo torna a vivência das personagens mais próximas, tangíveis.
É fácil se identificar: há cenas de Eri e Ichiko na cama, uma apenas acariciando o cabelo da outra; ambas abraçadas em plena ternura numa praia desolada, enquanto tiram fotos do momento sentimental; o beijo de uma para a outra com um morango entre os lábios... - momentos significativos, singelo, muito simplório que adoça o filme com nítida delícia da paixão. A cena de sexo entre as duas, repleta de beijos no corpo e nos seios, a câmera percorrendo as formas redondas de ambas, é pura beleza. Não é vulgar, é delicado. É gracioso vê-las, andando juntas, em plena efervescência urbana de Tóquio. Contudo, há conflito entre as duas também: o romance, aparente perfeito demais, tende a se fragilizar quando Eri passa a refletir sobre a importância da relação e demonstra certa inconstância, dúvidas. Já Ichiko, dotada de um otimismo quase constrangedor e, por vezes, irreal, consegue ver esperança em tudo - e ainda ajudar o melhor amigo, Take, a sair também do armário e o convence da necessidade de externar seus reais desejos. Ela mostra ao amigo os valores de sinceridade, auto-aceitação. Bem verdade, Ichiko, com seu espírito tranqüilo, é mediadora dos conflitos do filme - consegue até combater a pressão da família de Eri que insiste em forçá-la em ser advogada, sendo que ela tem aptidão e prazer pra ser escritora. E a relação também sofre até abalos de traição: Ichiko sente curiosidade e interesse por uma garota misteriosa que freqüenta o seu ambiente de trabalho, uma loja de cds.
Como manter o sentimento imaculado? O que prevalece na relação? O pequeno filme pauta esses valores de sentimento, relação e conflitos familiares com prioridade. A direção de Kôji Kawano é correta, mas não compromete já que as atrizes principais conduzem o filme com simpatia sentimental. De fato, o amor se sustenta em situações surpreendentes onde algumas das melhores coisas da vida emergem das experiências mais difíceis. "Porque me dei conta de que ser eu mesma me protege mais fortemente que qualquer coisa. Só sou o resultado de minha forma de sentir."
24 opinaram | apimente também!:
Olá,
Não conheço o filme. Acho que nunca assisti um filme lésbico que tem lirismo. Penso que se o diretor conseguiu expressar essa pura beleza na relação sexual, ele então espelhou como realmente a mulher gosta de ser tocada.
bjs
Madame Lumière
Em resumo, os conflitos humanos, as inseguraças, tudo iddo está presente em qualquer relação, eis o X da questão. Independentemente de as relações serem homo, hetero...ser humano é ser humano sempre.
Abraços
Nossa eu já quero super! Sou louco por filmes japoneses, e com temática lésbica associada a essa história que vc nos relatou, perfetic! Vou jáa procurar!
Bjoo
vou seguir a sua anotação e assistir, abraço
Nossa a família inteira praticamente é homossexual ?!
OMG!
Quero ver esse filme, pelo visto parece ser mto bom mesmo ! xD
Crítca como sempre impecável !
Vou anotar a sugestão. Achei interessante porque o filme apresenta vários quadros do comportamento social. Uma verdadeira colcha de retalhos da condição humana. Parabéns pelo texto!
Sugestão aceita.
Imitando algo q li ou ouvi que dizia assim
Amar......independe de sexo.
Volto,quero esmiuçar tudo aqui para sentir e aprender
afagos
Aqui parece ser bem interessante, voltarei mais vezes. Qdo puder me visita: http://meuprojetopiloto.blogspot.com
Mais um filme que você analisa aqui que eu não conheço. Mas, seu texto tá muito interessante, como sempre. Adoro suas análises.
Nossa! No começo da sua crítica eu estava relamente boquiaberta aqui. Mas eu gostei da história, amei sua crítica e continue falando de filmes que nunca vi na vida. =D
Bjoss
Um belo espaço o seu, retornarei com frequência...
...Agradecido pela visista ao Rembrandt!
olá, procurei me locadoras e não econtrei, você sabe se tem algum site onde eu possa baixar?
Galera, o filme encontra disponível na internet, basta colocar no google: "Amor da minha vida - download", aparece vários sites.
Quem tem interesse, baixa daqui:
http://www.megaupload.com/?d=IL5C82C0
Sou fã do cinema asiático, sempre buscando originalidade. A história pode ser simples, mas sempre conduzem de maneira impar. E olha ai: Filha ajuda pai a sair do armário! Assim como muitos filmes dessa temática, não assisti esse, mas é realmente interessante e pelo o que escreveu dá para imaginar a delicadeza do filme, a começar pelo poster.
Abraço!
Fala Cristiano
Obrigado pela visita no La Poderosa, agradeço muito. Aliás, ótimo o conteúdo do Apimentário. Gostei da maneira como são abordados os textos, uma ótica bem diferente.
Abraço e ficarei ligado no Apimentário
Cristiano
Já linkeu seu blog ao meu, aliás, sou seguidor também!!! Estou lendo suas postagens desde ontem, gostei de conhecer um pouco mais sobre clássicos e também sobre outros circuitos como o cinema japonês.
Valeu e Abraço
Opaaa
Valeu pela visita!!!
Se quiser, podemos fechar parceria. Já estou te seguindo.
Abraços
Brunno
Sua crítica ao filme me remete à tensão sentimental de alguns animes e mangás japoneses que conheço.
Este é totalmente desconhecida pra mim, mas me chamou a atenção...
cinema japones é um dos meus preferidos.
Me lembrou as histórias nas entrelinhas de Sakura! meu manga favorito!!!
Adoro o jeito como você descreve os filmes, e nesse, você me deixou na completa curiosidade!!!
Quero ver, quero ver, quero ver!
Ótima resenha, e valeu pela dica!
Beijos!
Eu conheço esse filme. Tenho algumas amigas lésbicas e elas me indicaram.
Bem legal mesmo!
;D
Ótima resenha (como sempre)
Abraço
Fiquei curioso pra ver esse.
Love My Life é um filme tocante que fala de amor no sentido mais amplo da palavra de uma sensibilidade sem igual. É bom ler críticas de pessoas que não se colocam num pedestal e sim enxergam muito além do que está presente na tela penetrando lá no fundo da obra.
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