Como não se excitar pela dança que impulsiona o desejo? Grease consegue se manter deliciosamente fundamentado como clássico cult musical, enérgico efeito e impulso narrativo de overdoses de canções cicatrizantes. Um filme que, dotado de imensa integração interpretativa, consegue se revelar ainda inovador, íntegro musical que preserva seu poder influenciador. Pois, bem verdade, o trabalho tornou-se febre e ainda se transforma em gerações antigas e atuais - ora, se há tantos admiradores incondicionais, amantes da obra e das canções envolventes, de fato a produção consegue sensibilizar até os não adeptos do estilo melódico. E o romance inocente, de diálogos que transportam uma contextualização juvenil, mesclando o humor ao melodrama adolescente, impulsiona emoção. O foco é ambientar a eloqüência da juventude dos anos 50: repleta de inseguranças, desejos, medos, sexualidade em ebulição e todos os hábitos característicos do modismo daquele momento. Os jovens libertinos, cansados dos fantasmas da guerra, usufruem e se lançam na febre do rock'n roll! E inserir um romance focado em dois jovens estudantes transparece o quão sentimental, febril emocional e realístico é o filme: decerto, Danny (John Travolta) e Sandy (Olivia Newton-John) são tangíveis nas suas trocas banais de amor, na experimentação do desejo e no progresso do palpitar do sentimento que amadurece. Ambos se envolvem, como inúmeros jovens, sem se permitir à racionalidade: tão logo se conhecem, predestinam-se à eternidade. E isso fica evidenciado logo na primeira cena do filme. Ele oriundo dos Estados Unidos, ela da Austrália - quando se conhecem nas férias de verão, é quando o desejo se mistura ao prazer do sentimento inovador. E eles se permitem a essa relação nova, acreditam que são únicos. Confidenciam trocas de amor eterno, pacto do desejo. Obviamente, o roteiro trata de inserir problemas à sintonia do casal passional: quando Sandy se matricula na mesma escola de Danny, ela percebe que ele está inserido num universo de influências de amigos, flertes com outras mulheres e que há um consentimento dele em se submeter à "gangue" do qual faz parte.
Por sinal, o universo dos anos 50 ganha uma caricatura convincente: mulheres andam de um lado com pseudo-feminismo e atitudes mais ousadas; homens exercem sua masculinidade lasciva rebelde - entre cigarros, gel no cabelo e bebidas. É dentro do universo da instituição escolar que Sandy observa que sua inocência é motivo de gozação, apreciação e estranhamento coletivo alheio - todos jovens, de alguma maneira, são transgressores do sistema e questionam a vida com atitudes condicionadas na liberdade do sexo, liberdade de expressão (adotam termos, gírias e falas mais libertárias), entre rachas de carros e bailes de dança, devorando cada minuto da vida. Jovens rebeldes, dinâmicos, repleto de imaturidade. E nesta teia de tribos, gangues, distinção entre populares e tímidos, é que Sandy percebe que não se enquadra: sua inocência, seu conservadorismo, sua introspecção causa até incômodo à virilidade ativa e machista de Danny.
John Travolta transparece seu talento, charme e interpretação dotada de maneirismos que imortalizou o personagem. Olivia Newton-John, a típica garota inocente que limita sua feminilidade, demonstra toda a meiguice que faz jus à fragilidade da personagem. A narrativa é impulsionada por canções, números de danças e duetos fortalecidos por canções que, indubitavelmente, contagiam pelo teor melódico e letras pulsantes. A sentimentalidade se intensifica com os passos bem coreografados, os corpos vibrantes e as músicas que soam como hinos gostosos. Haja emoção em cada contexto de cena! Corpo, movimento, expressão e sentimento. O musical tem pouca ousadia narrativa, é até convencional na estrutura visual - porém, o charme consiste no gratificante apelo do romance de inocência, ingênuo e passional de Sandy e Danny.
A atmosfera lúdica das canções concebe a importância do filme como musical e eleva ao patamar de clássico o aspecto da obra. Canções ícones: "Grease", cantada por Frankie Valli, que abre o filme, é enérgica; há uma singela de amor em reflexão no "Hopelessly Devote To You", cantada por Olivia Newton-John e a marcante "You're The One That I Want", imortalizada por Travolta e Newton-John - além do momento-chave e ápice: a música "Summer Nights", talvez um das cenas mais inesquecíveis do cinema. A magia performática do filme reside na trilha sonora que conseguiu captar o espírito dos jovens dos anos 50 e com um carisma efervescente. O maneirismo de composição de Jim Jacobs e Warren Casey, criadores da peça de teatro da qual o filme foi adaptado e que assinam boa parte da trilha, tem uma fluidez orgânica. A delícia é o contágio sentimental, a sexualidade pautada com devoção de amor em músicas adocicadas e na consistência interpretativa de um John Travolta sex-simbol, intenso e saboroso que dinamiza - ora ele impera seus trejeitos de apurada composição, ora ele canta/dança com esmero talento corporal/vocal. Há no filme uma expressiva delícia de musicalidade, humor e romance que jamais perde tesão. Com sabor, eis um ato cinematográfico nostálgico. Rock'n roll sexual romântico eivado de desejos juvenis.
Grease (EUA, 19781)
Direção de Randal Kleiser
Roteiro de Jim Jacobs, Warren Casey
Com John Travolta, Olivia Newton-John, Stockard Channing, Jeff Conaway, Barry Pearl
54 opinaram | apimente também!:
Oooooh! Grease! Simplesmente Grease. Você fez uma análise mais profunda do filme, tocando na questão da juventude na década de 50... mas sabe o que me faz gostar tanto dele? É a vontade que eu tenho de cantar alto e sair dançando toda vez que eu o coloco no DVD. É uma delícia. Grease ainda faz muitos de meus domingos entediantes mais felizes!
Beijoooo! :)
Ah, desse eu posso falar:uma delícia!!!Dá saudade de um tempo bom. Todos os ingredientes necessários, com um toque de uma ingenuidade que não existe mais.Músicas inesquecíveis! Vale pelo que se passou na tela, junto com o vivido fora dela, mais a lembrança de um momento em que(eu acho) éramos mais ricos afetivamente.
Adorei seu post mesmo, você fala do romance, da ingenuidade, tudo o que chama a atenção do público no filme. É uma pena que você não concorde com o meu ponto de vista de que pode ser considerado um roteiro um tanto quanto machista pelo fato dela mudar no fime por ele, mas não vou dar uma de complexada e vê machismo em tudo. Adorei o clima do filme, mas achei um pouco clichê, no entanto, vou considerar a época e dizer que os outros é que o imitaram.
Mas realmente sinto que faltou algo nesse filme pra ele se eternizar de fato, algo mais ousado como você disse.
Obg pela visita...e adorei o título do seu blog, da estética, do que ele aborda: cinema, que eu adoro...
Claro, o seguirei!
Bom fim de semana!
Franck
Quando esse filme foi lançado nos cinemas lembro que não pude vê-lo devido à censura (rs). Depois levou tempão para que o liberassem para TV. Gosto muito desse filme por remeter a um tempo bom, e lembranças da minha infância. Lembro que meu pai me deu o LP do filme para compensar o fato de não poder ter ido ao cinema.
É um musical divertido marcado pelas perfeitas coreografias de Olivia Newton-John (Sandra "Sandy" Olsen), John Travolta (Daniel "Danny" Zuko) e tantos outros.
Não é um filme brilhante, tipo ganhador de Oscar. Mas como eu sempre digo: quem precisa somente de clássicos divertir? Para amantes de cinema e, principalmente de musicais, Grease é programa obrigatório
Esse filme é otimo, marcou minha infncia. gostei daqui, sou cinéfilo louco. heheh
Obrigado pela visita.
Um ABraço.
A trilha sonora desse filme é deliciosa! Tenho boas recordações relacionadas a ela! O filme em si não é lá dos melhores, mas possui alguns pontos positivos que você ressaltou bastante bem.
Como tu dizes, Grease é um cult musical.
Vi-o há uns tempos mas não vi até ao fim, embora tenha visto momentos bastante populares do filme que nos fazem brivar!
(A voz de Travolta está tão diferente!)
Abraço
Cinema as my World
Filme preferido tanto de minha mãe quanto da primeira dama.
Realmente um clássico :)
OMG! A cada post seu, eu fico mais pasmo Cris, rs. Como sempre você vai fundo sem medo de cair e faz uma bela análise dos filmes !
Lembro bem pouco de Grease, lembro que assistia [passava sempre de Sábado no SBT, rs], e agora que estou na onde de musicais e antigos, fiquei com muita vontade de rever o filme !
Ontem eu assisti FAMA, rs [vou falar dele hoje em meu blog !]
Bjs =)
Tudo em Grease é fantástico...
o ritmo...o figurino...os diálogos...a inocência...a beleza e a atuação...
beijos
Leca
Adoro... só de lembrar já me da vontade de botar uma jaqueta preta, levantar o topete e sair dançando! =p
Adoro Grease... é para mim ainda hoje o maior musical de sempre... Um pouco naïf, mas lindo...
O filme parece ser bom, APIMENTARIO, adorei o nome do seu blog, dá pra ter uma noção assim que entramos. Parabéns pelo blog e pelo post!
Sem dúvidas Grease foi um marco do retrado da juventude dos anos 50. E mesmo sem me importar muito com os dilemas da época, é ótimo re-assisti-ló várias e várias vezes. As músicas empolgam, o elenco parece se divertir e o clima de amizade nunca acaba.
tu escreve muiiito bem, parabens!
Há uma crônica de Fernando Sabino em que o Estilo Literário é discutido e, após passar pelos mais aclamados cronistas brasileiros e portugueses (e outros)ele, sempre com um humor invejável, conclui dizendo que a melhor definição fora a de um aluno seu: "O estilo faz o homem. O estilo é o jeitão da gente escrever". Gostei muito do teu jeitão, Contreiras. Voltarei. Abraço.
sempre tive vontade de saber dança, cantar e desenhar
não consegui fazer nem um dos três.
ainda não vi o filme mais como sou cinéfilo hei de vê um dia.
muito obrigado a indicação e também te seguindo para podermos assim ficar sempre um olhando para o outro.
abraços
adorei aqui,
seguindo
:D
beiijo
*.*
Grande Cristiano, seu sumido. Obrigado pela visita, mas não deixe de se tornar meu seguidor nesse novo Blog, o antigo está perdido nessa confusão do Blogger.
Grease é um filme de uma época de musicais interessante. Acho que mesmo sendo água com açucar todo mundo gostou.
Sempre ótimas resenhas por aqui.
Abs
Tua presença por lá foi muito bem vinda e será sempre!
Estarei sempre por aqui.
Adoro Grease, clássico como você falou. A cena de "You're The One That I Want" é fantástica. Mas, a sequência que mais gosto é de "Summer Nights".
"Summer Nights"; " Hopelessly Devoted To You"; "Sandy"; "Look At Me, I´m Sandra Dee" ...adoro e tenho a trilha sonora. Aprendi o meu inglês com Greàse, inclusive na aula (do cursinho) o professor tocava as músicas, rs!
O mais curioso do filme é que são os adolescentes mais velhos que eu ja vi. Travolta ja tinha uns 24. E a mais velha era a Stockard Channing com 34! Acho que naquela época não faziam seleção High School Musical.
Abs.
Oi! Grease é maravilhosooo! Eu adoro! Aliás, não entendo como alguém pode não gostar!!!
Bjs!
Seguindo também! :)
Grease é um clássico eterno. John Travolta no auge e as músicas que nunca mais sairão da cabeça de uma legião de fãs. Nota dez!!!
Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com
1004 pessoas(até o momento) seguindo esse blogueiro metido. PARABÉNS Cris seu blog é td de bom mesmo e merece muito mais. Bjos
Grease: vento do tempo trazendo lembranças... E tu aí, com mais de mil te seguindo: olha a responsa, hem????? rsrs
Beijos
Oi estou aqui pra agradecer por ter perdido alguns minutinhos de sua vida e ter visitado meu blog!
Obrigado!
Fica na paz!
Gostei muito do filme e suas palavras descrevem bem aquela época...pelo pouco que se.
Obrigado pela visita, grande abraço.
Um dos poucos musicais que me dediquei a assistir (por várias vezes). Realmente, uma bela obra; assim como, a sua síntese sobre Ela!
Um abraço.
Na minha opinião Grease é um clássico dos musicais.
Acredito ser o grande filme de John Travolta (apesar de não achá-lo um grande ator).
De qualquer forma é um filme para estar na coleção dos amantes do cinema.
Retribuindo a visita e o comentário.
Abraços.
http://blog-do-faibis.blogspot.com/
Cristiano Menino!!! Que é isso?
Adoro esse filme, sermpre escuto as músicas, e se eu não tivesse assistido, depois de ler esse artigo iria correndo.
Tu escreve bem demais velho, sem contar na ideia de resgate de um momento tão marcante do cinema.
Olha parabéns conterraneo, tudo de bom!!!!!
Te sigo aqui conterrâneo. valeu!
Grease!!
mtoo perfeito*-* bjo
Desculpe amigo pela ausência nos últimos posts ... uma correria louca me obrigou a negligenciar um pouco com a blogosfera ... mas que bom poder estar aqui de novo e justo no dia de Sexy Dance ... nostalgia pura ... vivi com toda intensidade esta época do final dos anos 50 e anos 60 ... o filme resgata toda a efervescência juvenil da época ... adorável, mais uma vez, sua contextualização sobre este filme delicioso ...
bjux
;-)
Cristiano
Ao encontrar registro de sua tão simpática visita vim correndo agradecer e, aqui, encontrei esta maravilha de blog!
Adorei porque , além de tratar de cinema, que é um de meus principais interesses, você escreve muito bem! Muito!
E depois, chego justamente quando fala de Grease, esse clássico... Pronto! Pra que dizer mais?
Um forte abraço
Existiu uma época emque JT era um bom ator... Uma pena ele ter se perdido.
Abraços
Brunno
Apesar de ser extremamente bobo e inocente, 'Grease' exala paixão e bom gosto para músicas. John Travilta está extremamente sedutor neste filme e Olivia Newton-john está encantadora. Certamente um dos musicais mais divertidos que existe!
http://cinema-em-dvd.blogspot.com/
"Grease" é uma delícia. Um musical um tanto ingênuo, sim, mas dono de uma despretensão apaixonante. Engraçado, envolvente e com uma trilha sonora das mais marcantes da década de 70 (e isso que não apelava para a disco music pra isso...)
A dupla central tem uma química ótima, sem dúvida, mas a minha personagem preferida é a Rizzo hehehe e sua cena solo ("There are worst things I could do") eu acho o máximo...
Abração, Cris
Clênio
www.lennysmind.blogspot.com
www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com
Cá temos uma das minhas enormes falhas como cinéfilo, com excessão desse e de 'Os Embalos...' vi todos os outros parecidos!
Bem... Olivia newton-john é um vicio pra mim hehehehe!
Grande abraço e obrigado pela visita e comentario super simpáticos!
Ei!
Saudades.
Passando pra te ler hoje
desejar uma linda semana
e te espero la no meu canto.
Com bjins
entre sonhos e delírios
"O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?"
Clarice Lispector
uma bela dissecação de um dos clássicos do cinema em relação aos sentimentos mais fortes do ser humano! Antigo ou atual?
ps. obrigado pelas palavras em meu blog!
Amei o seu blog! Estou te seguindo.
Bjkas e uma ótima semana para vc.
vlW por tá seguindo e seu blog tb eh bem legal!
onde baichamos o filme?
http://nikomoska.blogspot.com/
Oi Cris,
Tudo bem?
Belo texto, pulsante na energia nostálgica de Grease. Eu gosto da mistura dança, romance e desejo, de duas almas que se encontram e querem viver o amor entre grandes canções e o desejo aflorado pela dança. É um filme contagiante no qual há uma ponta de esperança de dias melhores e um senso de liberdade juvenil que falta à vida adulta. Gosto desses filmes que ficam cada vez melhores à medida que os assistimos.
Beijo
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Muito bem sacado.
Boas dicas, largas lembranças...
silvioafonso.
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cris...eu simplesmente amo este filme e me delicio a cada vez que assisto....me dá uma certa nostalgia de coisas que eu não vivi...de um tempo a qual eu sinto que de alguma forma eu pertenço.....
amei teu post meu querido....
deu vontade de ver de novo....
bjbj
Oi Cristiano,
Teu blog é belo, surpreendente, gostei do seu texto. Cinema é um mundo tão especial. Dias desses assisti uma pedaço de Grease depois de muitos anos, e fiquei com a mesma impressão. A vida mudou radicalmente nos anos 50, isso deve ter sido barra pesada para os jovens no pós-guerra.
Abraços,
Gosto muito desse filme! Mas ainda prefiro os embalos de sábado à noite, que já vi não sei quantas vezes... rs...
Valeu!
Acredita que eu nunca vi? Já está na minha listinha para os próximos finais de semana...
beijo!
Há sempre um saudosismo gostoso quando de assiste esse filme. Um romantismo ingênuo, sentido de liberdade que a música e a dança pode trazer, trasgressão de regras e conceitos.... há sempres faces e interfaces a serem vistas e discutidas nesse clássico.
Um abraço saudoso!
Eu gosto do filme, mas nunca consegui aceitar totalmente o final dele. Só pelo fato da Sandy ter mudado o que ela era por causa do Danny. Eu sei que isso é uma questão também muito presente na adolescência, a coisa da aceitação, dos grupinhos no ensino médio. E apesar de amar o filme, o final ás vezes me desce amargo. Depende do meu estado de espírito. kkkkkk
Um filme que marcou época e um clássico para várias gerações. Se tem um filme que representa os anos 50 este filme é Grease. P.S. Já tive o prazer te fazer a peça no teatro.
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