Amor Depressivo

Como superar dores concretas de perdas de entes queridos? O sufoco é nítido, superar é respirar com dificuldade. Lembranças propõe a reflexão sobre este prisma da relação da dor marcada por perdas que causam aflição. Bem verdade, é um filme amplamente depressivo, melodramático romance intimista. O roteiro de Will Fetters direciona para a concepção de como uma perda de uma pessoa pode ocasionar um abalo extremamente emocional. O ser humano está preparado a lidar com os acasos de tormentos da morte? Como sentir-se seguro diante do inesperado que tira do eixo qualquer sanidade? O foco é em 2001. Observe o encontro de duas pessoas que se confrontam com uma realidade semelhante de dor e fatalidade. Tyler Roth (Robert Pattinson) perdeu o irmão, morto por suicídio em enforcamento. Ally (Emilie de Ravin) testemunhou o assassinato de sua mãe, vítima de súbito cruel assalto num metrô. Ambos sofreram mudanças em suas vidas, ambos lidam com o impacto doloroso e transtorno dessas perdas. Tyler jamais consegue se recuperar, tende a agir com rebeldia e não tem uma relação agradável com seu pai, o advogado Charles (Pierce Brosnan): ele cobra do pai uma atenção maior, um afeto que não se intensifica e não se direciona a ele, muito menos à sua irmã (Ruby Jerins) - é cativante a harmonia e amorosidade que Tyler tem por ela. Eis que sua dor se externa através de suas crises de rebeldia, cigarros que fuma ao longo do dia, na sua introspecção aliada à tristeza.

Tyler não é um sujeito que transparece felicidade, constantemente se depara em silêncios e em apatia veemente. Exala uma melancolia que parece não se apagar. Já Ally, garota de classe média, vive com seu pai, o inseguro Neil Craig (Chris Cooper). Ambos têm certa intimidade, ainda que seu pai demonstre claramente um abalo pós perda traumática da falta de sua esposa. E o destino - numa sequência de fatores desafortunados que os colocam no mesmo caminho - trata de providenciar o elo entre esses dois seres que tentam lidando com a maturidade. Tyler envolve-se numa briga de rua e é preso pelo pai de Ally - observe a aproximação ocasional destas duas pessoas. Ambos se conhecem, nutrem uma amizade improvável e o tesão ocorre. Apesar de rico, Tyler vive num apartamento humilde que divide com o amigo e desajustado Aidan (Tate Ellington).

O interessante do roteiro é que ele providencia uma intimidade tangível entre a construção do sentimento desses dois personagens, não existem diálogos deveras melosos nem muito menos frases de efeito: ambos convivem, dividem amarguras e o entendimento é gradual. Através do amor, da paixão que floresce no inesperado, Tyler e Ally libertam as angústias de vida e insatisfações que configuram suas vidas depressivas. Decerto, Ally é a figura mais madura do filme: ainda que frágil, um tanto passional e debilitada pela perda brutal da mãe. Ela consegue ter mais esperança, agir com mais entusiasmo e até esboça mais expressividade vital que Tyler - este é um ser que causa pena. É totalmente melancólico, às vezes vive imerso em pensamentos nostálgicos em relação ao irmão que jamais se esquece. Como ser menos infeliz? Tyler encontra em Ally uma chance de mudar seu destino de torpor: é através dos beijos que recebe, dos diálogos que transparecem a sintonia do seu envolvimento com ela e também da confiança que ambos adquirem que a vida parece ter uma ponta de expectativa. Ele só consegue extravasar mais e sair do seu estado de consternação quando transa com Ally: há uma química sexual, um ardor entre os dois - como se, no sexo, eles pudessem expurgar toda a dor e sofrimento presente. O gozo retira o velcro da melancolia? Um prazer gerado pelo orgasmo a dois concebe, nem que seja por breve instante, um estado de contentamento.

E Robert Pattinson conceitua seu personagem com intimidade, há um olhar e certos tons de fala que explodem em cena: nota-se na intensa sequência em que Tyler entra em crise e discute com seu pai, em altos questionamentos violentos. Ou mesmo quando ele lança um olhar ou certa fala aprazível de melancolia - um personagem angustiado, carente e triste. Como entendê-lo? O ser humano, nem sempre, consegue superar uma perda abrupta - a rebeldia é uma condição de sobrevivência. E os atos compulsivos e violentos de Tyler servem mais para demonstrar o quão necessitado de atenção era. Emilie de Ravin personifica uma jovem mais ativa, ainda que sofrida. Sua personificação garante mais segurança, visto que sua personagem expressa brilho e tenta atenuar a indisposição constante de Tyler. Enquanto ele é mais introvertido - ela é dinâmica, hiperativa. E ela consegue fazer com que Tyler divida seus problemas, exímia companheira. Assim, ele descobre que a perda pode ser superada e a amargura que envenenava sua alma pode ser curada, uma vida a dois traria novas motivações e perspectivas. Um sentido de vida? O amor reforça tudo, cicatriza feridas, amparo de afagos.

O arco dramático do roteiro é evidente ainda mais próximo do fim, uma catarse emocional. E, de fato, é um final surpreendente. A direção de Allen Coulter não providencia nada mais que humanizar os personagens. Seu cuidado é mais característico na maneira de conduzir certa tônica de emoção e emulação de sentimento em algumas cenas, na maneira como conduz a relação de Tyler e Ally - na troca de aprendizagem, sentimento e convivência desses dois é que o filme prevalece. Todos os outros personagens são secundários, ainda que tenham coerência com as motivações dos dois, mas não interfere tanto. O uso da trilha sonora do brasileiro Marcelo Zarvos é discreta, mas exerce o tom do ápice melodramático nos minutos finais. É um filme que fecunda uma aura depressiva, solidificado de pesar coletivo - os personagens são tristes, causam auto-piedade. Pauta relações problemáticas familiares, necessidade de amor com afeto, o entrave dos conflitos de carência e a ânsia pela superação. Não é tanto romântico assim, mas o cerne é mais na relação e tentativa de ambos em consertar os fragmentos quebrados de suas famílias. O amor e desejo dos dois protagonistas transfiguram-se em pano de fundo para um filme sobre tragédias, luto e superação. Quer te mostrar o sofrimento e suas consequências? Quer te mostrar a dor da perda, a memória deixada por aqueles que morrem? Uma morte não é apenas um anúncio no obituário. É uma vida perdida, relacionamentos desfeitos, a tristeza e a saudade de quem ficou. Todo mundo tem uma história e através das lembranças que valoriza-se cada um por quem é. É pois, amar também é deprimir-se.

Remember Me (EUA, 2010)
Direção de Allen Coulter
Roteiro de Will Fetters
Com Robert Pattinson, Emilie de Ravin, Chris Cooper, Pierce Brosnan, Tate Ellington, Lena Olin

34 opinaram | apimente também!:

Jota disse...

Diferente daquilo que eu penso. Acredito que ninguém pode substituir a dor de um trauma tão grave assim. Só o perdão e a busca da felicidade na própria vida ajudam a superar isso.

Fernando disse...

Puxa! É melhor rever conceitos preconceituosos que eu tinha de Robert Pattison. O filme parece ótimo... Sensível ao máximo, tocando num tema muito triste que é a perda de um ente querido. Preciso ver!

Edu O. disse...

Você escreve tão bem, passeia pelos filmes para falar de coisas tão nossas.

Robson Saldanha disse...

Não tem quem me faça pra ver um filme desses... hehehe

thicarvalho disse...

Quero mto ver este filme, até para ve Pattison fora da saga Crepúsculo. A história parece boa, e o seu texto deixa claro que o filme não tem um tom otimista. Grande abraço.

Visitem

www.cinemaniac2008.blogspot.com

Unknown disse...

Cristiano, esse filme eu também vi, assisti nos cinemas. Confesso que não queria ir ver, não vou e nem aposto em filmes com o Pattinson, Crepusculo mesmo a saga em geral não acho ele bom ator. Contudo, para esse filme, pude me surpreender, o ator saiu daquela saga, todo mimimi, e foi mostrar o que é capaz. Pelo que eu vi, fugindo ele está gravando outro filme ao inves de divulgar Elipse. Bom, mas não vem ao caso. No filme não entendi a relação de Tyler com a família e com os amigos, levei muito pelo problema de familia com a irmanzinha. No final, até mesmo no caminhar ouvi Gandhi, isso fortaleceu e deu vida ao filme. Mostrou uma reflexão enorme no que temos, de tudo que é apssageiro, o que não perdoamos, crucificamos hoje, amanha pode ser pó, o perdão pode ser tarde e vc nao ver mais aquela pessoa, ente querido como no filme apresentado.
Fiquei pensando muito nas cenas, principalmente nas cenas finais. Filme esse que leva uma reflexão como dito profunda e compensadora de assistir, reassistir mostrar e indicar amigos e a familia.
Lembranças é isso, uma reflexão com nosso passado, nosso presente e nosso futuro. Focando o tempo, o nosso eu. Esquecendo que nesse meio, existe pessoas que nos cercam.

Pronto falei demais, poderia dissertar aqui, filmes que vi a aprovei merece ser comentado.

vlwwww

Unknown disse...

Me levou uma reflexao
*enorme
*e em saber q o Pattinson pode ser bom ator
*qndo ele nao fica esteriortipado
*em twilight saga
*muito boa a participaçao dele
*e olha que debati muito
*pra ver
*NAO IA NAO IA NAO IA
*se nao tivesse ido
*arrependeria
*pq....sabe o que aprendi
*QUANDO ACHAMOS QUE SOMOS DONOS NA RAZAO E LEVAMOS TUDO PARA UM PROBLEMA, NOS ISOLANDO E ISOLANDO AS PESSOAS QUE NOS CERCAM, AMANHA O PEDI PERDAO PODE SER TARDE
*um dizer de amar já nao pode valer
*pq somos o q?
*nada
*o nosso amanha é incerto
*quando podemos fazer o hoje
*levantar e nao por problemas
*e sim busca soluçoes
*no filme fala
*E QUEM DISSE QUE A VIDA É PARA SER ENTENDIDA
*nao queremos entende-la pq ela tem N respostas
*e ocultas ainda
*mas vive- la
isso sim

Paulo Alt disse...

Cris,

E estrutura do blog tá muito boa. Deixa assim, sério. Os parágrafos fluem mais rápido. Parece que a esfera do Apimentário cresceu de alguma forma.

Olha, me interessei muito pelo filme, já te falei. Não foi só pelos atores principais [adoro os dois, sabe disso e sabe pq tb, ou deve saber] mas sobretudo do jeito que vc escreveu e do que se trata.

É um sim que quero ver, mesmo que tenha que excluir algum outro. Devo pedir pra minha amiga da facul gravar umas coisas q estão no meu pendrive nesse meu momento sem dvd-r e logo logo baixo tb outras coisas.

Sei lá, me deu impressão de ser algo triste sim e que faz refletir, mas cativante ao mesmo tempo.

Um que quero voltar a ler o post depois de ver.

Grande abraço meu caro.
^^

Rodrigo Mendes disse...

Ficou ótimo a estrutura e ficha técnica..é bom essas informações, rs!

Eu achei 'Remember Me'é bonitinho vai! Mesmo piegas. Prefiro mil vezes 'Sleepy Hollow' que como diz na capinha..Cabeças vão rolar..num filme máximo de Tim Burton! Ha ha!

Cris está legal as mudanças imagéticas no apimentário..está mais visual e fácil localizar os posts. Já é um site não um blog!

Abs.

Bruno Cunha disse...

Eu nem acho o filme assim tão mau. Pattinson é desequilibrado mas tanto é bom como mau e a sequência final é muito porreira e surpreendente.

Abraço
Cinema as my World

Mirella Machado disse...

Eu quero assistir esse filme mesmo. Por causa do Robert e da Emilie de Ravin (que nunca tinha visto em outros filmes a não ser terror), parece ser um personangem com a cara de Robert, depressivo, resumindo, vai ser ótimo vê-lo fora de Crepúsculo também.

Wally disse...

Mais uma bela resenha... fiquei muito curioso pelo filme.

Reinaldo Glioche disse...

Pois é Cris, estava esperando a sua resenha do filme. O seu ponto de vista já estava claro. Continuamos discordando veementemente da qualidade do filme e do sucesso com que algumas ideias dramáticas foram apresentadas. Além, é claro, da composição de Pattinson e sobre a representatividade do final. Respeito e admiro sua opinião, mais ainda sua capacidade de fazer um filme regular (no senso crítico mundial) soar imperdível. Tu reiteras a noção de grande escritor que és. Talvez o filme fosse melhor se vc o tivesse escrito.

Grande abraço!

Mateus Souza disse...

Um filme fraco, que até surpreende no final, mas, ainda assim, mais do mesmo.

Pattinson ainda não convenceu, e se quiser continuar sua carreira como ator, deve logo logo convencer alguém, porque a baixa bilheteria do filme mostrou que seu apelo comercial se restringe apenas às redondezas de Forks mesmo.

Abraço.

Adriana Riess Karnal disse...

bem escrita sua crítica do filme, e para mim, R. Pattinson sempre vale o que come,rsrsr

Alan Raspante disse...

Bem Cris. O longa tem uma ótima proposta, mas achei que em alguns casos poderia ter sido mais aprofundadas, o jeito que os protagonistas começam a se 'amar', achei clichê demais (ele começa a ficar com ela, por uma vingança, sem pé nem cabeça..). Não achei Robert Pattinson, tudo isso, acho que ele ainda tem que crescer muito, para interpretar certos papéis.
Mas gostei muito da cena final do longa, foi uma ótima sacada do roteiro.
Bem, esse é o meu ponto de vista sobre o filme, apenas.
Abs.
PS: Adorei a estrutura do post, continue assim, fica até mais fácil a leitura de suas resenhas!

Pedro Tavares disse...

Ainda não vi, mas minha curiosidade vai além Robert Pattinson. Gostei do texto.

Tiago Britto disse...

Matei o final do filme fácil...mas mesmo assim gostei dele no final....quem sabe explicar isso? Amor depressivo é foda..mas acontece! abraços

M. disse...

Oi Cristiano! Só você mesmo para falar o que a gente sente a respeito da tônica psicológica das personagens. Esse filme é bastante interessante. "Lembranças" conseguiu surpreender e dizer para que veio. Um abraço e ótimo fim de semana.

Endim Mawess disse...

parece que o pattinson vai se livrar do crachá de almofadinha

Kamila disse...

Sinceramente, eu não esperava o final como ele se revelou, mas imaginei que algo iria acontecer por causa daquela insistente intromissão da trilha sonora.

Enfim, fora isso, o filme é muito bonito. E fala sobre uma coisa que eu acho, particularmente, muito interessante: a verdadeira marca que aquelas pessoas que conhecemos deixam na gente. A maneira como elas acabam influenciando a nossa vida.

Wagner disse...

Nossa, estou impressionado com o texto! Vc escreve muito bem! Eu adoro cinema e fikei pensando neste tema da morte! É irônico quando se pensa que trata-se da única certeza da vida! Abraços!

Rita Contreiras disse...

Acho sempre interessante impacto que um ser humano pode ter na vida de outro ser humano, funcionando um pouco como espelho para a resolução de questões difíceis como perdas importantes.Não se pode aplacar a dor, mas se pode estabelecer uma parceria que conforta. Fantástica escrita!Bj

Emmanuela disse...

A maravilhosa crítica que acabei de ler informa que a obra utiliza muito mais que uma atmosfera dramática, praticamente nos ensina a sobreviver após uma perda absurdamente dolorosa.
É provável que Robert Pattinson receba mais atenções pela sua atuação nesta obra.

Thiago Paulo disse...

Sério? 12,90? Não acredito, tá vendo como o mercado online é uma doideira...rs

Sobre seu post, só tinha curiosidade de ver esse filme por causa da Emilie de Ravin, mas agora você me convenceu por outro motivo: Gosto de roteiros que falam sobre a dor da perda, e ainda mais sobre essas lembras que ficam surgindo em nossas cabeças.

Abraço.

Luciano Azevedo disse...

Parece que as personagens protagonistas do filme são a tristeza, a melancolia e a solidão. Tudo isso envolto em medo, insegurança e autoconhecimento. Fiquei instigado. Vou assistir!!! Valeu, Cris.

Elton Telles disse...

Tu não foi o único a elogiar o filme. Assumo que tinha certa resistência por conta do ator protagonista rs, mas eu tenho plena noção que isso é bobagem.

verei, mas sem pressa =)


abs!

Rabisco disse...

Ainda não vi este filme...e por isso te agradeço a sugestão...de verdade, já ando para o ver há algum tempo.
A tua crítica está excelente, bem fundamentada e bem escrita!
Adorei!
Parabéns!

Abraço

Luis Galvão disse...

Não sou nem um pouco fã do Pattinson, mas concordo sobre a química do casal.
O filme em si é muito depressivo mesmo para mim. rsr

Richard Mathenhauer disse...

Legal pro dia dos namorados...

Cristiane Costa disse...

Olá querido Cris,

Pois é, eu entendo as virtudes que você viu no filme e sei que você tem um afeto por Pattinson o que colabora para sua visão apaixonante. Realmente o personagem melodramático e rebelde de Pattinson tem dificuldades em aceitar a dor, superá-la, mas acho que você ainda viu mais beleza no filme do que eu e colocou-o em um nível excelente que é reforçado mais pelo seu excelente texto do que pela qualidade que realmente o filme tem. Eu achei Lembranças bem mediano e acho que o texto do filme patina bastante no que quer provar, há momentos bem confusos no filme que não os vejo como um reflexo turbulento da mente do jovem interpretado por Pattinson. Acho que realmente o roteiro é fraco e a narrativa do filme tem problemas, embora o final seja surpreendente.

No mais, bela resenha.

Bjs!

renatocinema disse...

Lembranças faz uma forte reflexão sobre a vida e suas complicações perante a tragédia e a morte.

Gostei muito do roteiro e da fotografia.

Obrigatório para quem gosta de produções que questionem a vida real.

renatocinema disse...

Ótimo filme para quem gosta de dramas fortes, que questionam e com reflexão.

Adorei o roteiro e a fotografia.
Obrigatório

Anônimo disse...

"Uma morte não é apenas um anúncio no obituário."

Acho que a grande sacada do filme é esta mesmo, Cris, vc conseguiu exprimir com palavras exatas a essência que eu captei...
O final é o clímax, diferente dos filmes tradicionalistas...
E a atuação de Robert Pattinson me surpreendeu! Tb, contracenando com Emilie, adoooro ela, desde quando estreou Lost!

Enfim,

Muito massa!

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