Como se sustenta um desejo irrefreável? O tesão súbito pode destruir um relacionamento? Se arde desejo e clama intensidade carnal, tudo pode virar um caos a ponto de qualquer senso de sensatez beirar à traição irremediável. Jogo de Sedução questiona as motivações do desejo que destroça relações firmadas no tédio, dúvidas ou mesmo na ausência de amor. A trama ousa ao focar na história de Carmem (Natalia Verbeke), uma jovem espanhola bem temperamental e de forte personalidade que está prestes a se casar com um educado Barnady (James D'Arcy), o típico rapaz britânico rico e de família nobre. Ela, uma dançarina de Flamenco e que trabalha como garçonete, aceita o pedido de casamento como forma de definir sua vida - visto que o gentil namorado oferece estabilidade e segurança, feitos que nunca foram precisos em sua vida. Mas, na noite de sua despedida de solteira, o destino trata de providenciar uma saborosa catarse que é um convite à provocação: Carmem é persuadida a beijar Kit (Gael García Bernal), um frustrado ator desempregado brasileiro que mexe com todos seus nervos e instiga um perigoso novo caminho. Como fugir do ímpeto da carne que arde de estranho desejo? Carmem e Kit - tão logo se conhecem - travam um beijo intenso e a paixão é avassaladora, o calor age com densa ebulição e é difícil se desvencilhar do tesão que envolve ambos. Eis que o filme dirigido e também roteirizado por Matthew Parkhill funciona como um pequeno recorte da sexualidade juvenil, singelo retrato da paixão que não mede esforços para dissolução da racionalidade - o ser humano dotado de passional comportamento pode condicionar sua vida numa esfera de traições? Como lidar com sentimentos que estimulam turbilhões de emoções adversas? Como entender que o desejo também pode ser prejudicial?
Carmem representa o ser humano que não vê estímulos de prazer num relacionamento tedioso - visto que não sente, além do tesão e desejo, nenhuma felicidade aparente no seu casamento que beira ao artificialismo. Ainda que veja em Barnady um exímio companheiro que seja sinônimo de tranquilidade - até que ponto essa relação pode lhe beneficiar? Bem verdade, sua relação com ele beira ao senso de mera amizade. Não há muita libido, ainda que ele force a ter relações com ela. Carmem não consegue obter prazer com o companheiro, é nítido sua falta de estímulos. Seria também um relacionamento sem química sexual? E é nesta relação sem muita temperatura que ela sente-se atraída pelo desconhecido: Kit, o homem que provoca todo um desejo quase amortecido em seu âmago. Com ele, logo no primeiro beijo, ela percebe que sua carne arde por algo mais sexual e vivo: Carmem sente tesão em ser devorada pelo homem misterioso. O que é proibido há de ser mais gostoso? O sentido do sexo é latente. A traição, ainda que represente um desafio para ela, torna-se um estímulo pra viver - perigosamente, ousada, maliciosa. Torna-se uma mulher desejada por um estranho, aprende também a desejar - visto que com Barnady, ela nem orgasmo parecia ter. O simplório roteiro de Parkhill demonstra as percepções dessa mulher que sente-se aflita pela infelicidade que sente, mas é o desejo que simboliza todo o sentido do filme. É o senso de tesão que faz a personagem questionar, duvidar e colocar à prova seus atos. Amar é ter tesão? É ter desejo por amar.
E a narrativa do filme coloca a relação de Carmem entre seu casamento insatisfeito e a apimentada relação inusitada com o desconhecido Kit - é necessário reprimir o que clama a carne... e o coração? Carmem é uma mulher que não consegue fugir do convencionalismo para viver uma vida que ela mesma anseia. E suas dúvidas pairam quase toda a primeira metade do filme, onde fica evidente que seu casamento é intolerável bem como seu desejo jamais pode ser silenciado. É com Kit que ela é uma fêmea mais altiva, ativa e sincera consigo própria. Com ele, sua instabilidade emocional atenua - visto que ambos tendem a ter um diálogo afetivo de grande cumplicidade, além da explosão de tesão que torna tudo quase uma aflição. Por que o ser humano foge tanto do que sente? E Carmem vê que não existe como reprimir o que sente, precisa decidir o que é prazeroso para sua vida, ainda que muitas mágoas possam ocorrer. O roteiro foca nesse desafio da personagem, no primeiro ato do filme - onde os sentidos de lealdade, traição e motivações da libido dos personagens são expostos, delineados. A representação da sexualidade é detalhada. Se Carmem tende a ser frígida quando transa com seu namorado - é com a tentação do novo amante que seu instinto feminino por sexo se cumpre mais vital, expressivo. A cena da transa dela com Kit representa esse fogo desesperado por um sexo que liberta o ser de todos os sentidos – o sexo corta as amarras do conservadorismo em sua vida. E ela vê que para amar de paixão, há de ousar um pouco também, sair do eixo.
No segundo ato, toda a linearidade e esfera conceitual da película são modificadas - a trama ganha novas perspectivas, consistências e uma reviravolta se cumpre a ponto de providenciar nova textura narrativa. É interessante que o diretor teceu tanto o plano central do roteiro quanto o de fundo com certo objetivo, dinamismo, mas bem estruturado. Parkhill conceitua um pequeno filme que trava discussão sobre a importância do amor, a necessidade do ser humano transparecer sempre seus ímpetos de desejos e de como, irremediavelmente, o sexo consegue transpor atos de beleza e sordidez aos seres humanos. A direção consegue ter graus de naturalidade, visto que há uma boa química carnal entre Natalia Verbeke e um sexualizado Gael García Bernal - que aqui cumpre sua função de homem que promove a libido no filme. Interessante como a partir de um simples beijo é que o senso de sexo move a narrativa e leva ao segundo ato que demonstra a verve criativa de Parkhill com mudanças na trama. A fotografia do brasileiro Affonso Beato ganha contornos em tons avermelhados, dourados e cores fortes para viabilizar o mundo desses jovens passionais - onde nada é o que aparenta ser. A canção-tema "Quizás", cantada por Nat King Cole concebe toda a atmosfera do thriller-amoroso. É imprescindível que o ser humano sempre consiga direcionar seus sentidos às suas próprias necessidades, ainda que isso fuja dos padrões estabelecidos pela sociedade - não se pode fugir do desejo, do sentimento ou muito menos da paixão. O indivíduo que tenta mascarar o que a carne pede, nem sempre consegue revestir a vida em simples natureza de bom êxito.
Carmem representa o ser humano que não vê estímulos de prazer num relacionamento tedioso - visto que não sente, além do tesão e desejo, nenhuma felicidade aparente no seu casamento que beira ao artificialismo. Ainda que veja em Barnady um exímio companheiro que seja sinônimo de tranquilidade - até que ponto essa relação pode lhe beneficiar? Bem verdade, sua relação com ele beira ao senso de mera amizade. Não há muita libido, ainda que ele force a ter relações com ela. Carmem não consegue obter prazer com o companheiro, é nítido sua falta de estímulos. Seria também um relacionamento sem química sexual? E é nesta relação sem muita temperatura que ela sente-se atraída pelo desconhecido: Kit, o homem que provoca todo um desejo quase amortecido em seu âmago. Com ele, logo no primeiro beijo, ela percebe que sua carne arde por algo mais sexual e vivo: Carmem sente tesão em ser devorada pelo homem misterioso. O que é proibido há de ser mais gostoso? O sentido do sexo é latente. A traição, ainda que represente um desafio para ela, torna-se um estímulo pra viver - perigosamente, ousada, maliciosa. Torna-se uma mulher desejada por um estranho, aprende também a desejar - visto que com Barnady, ela nem orgasmo parecia ter. O simplório roteiro de Parkhill demonstra as percepções dessa mulher que sente-se aflita pela infelicidade que sente, mas é o desejo que simboliza todo o sentido do filme. É o senso de tesão que faz a personagem questionar, duvidar e colocar à prova seus atos. Amar é ter tesão? É ter desejo por amar.
E a narrativa do filme coloca a relação de Carmem entre seu casamento insatisfeito e a apimentada relação inusitada com o desconhecido Kit - é necessário reprimir o que clama a carne... e o coração? Carmem é uma mulher que não consegue fugir do convencionalismo para viver uma vida que ela mesma anseia. E suas dúvidas pairam quase toda a primeira metade do filme, onde fica evidente que seu casamento é intolerável bem como seu desejo jamais pode ser silenciado. É com Kit que ela é uma fêmea mais altiva, ativa e sincera consigo própria. Com ele, sua instabilidade emocional atenua - visto que ambos tendem a ter um diálogo afetivo de grande cumplicidade, além da explosão de tesão que torna tudo quase uma aflição. Por que o ser humano foge tanto do que sente? E Carmem vê que não existe como reprimir o que sente, precisa decidir o que é prazeroso para sua vida, ainda que muitas mágoas possam ocorrer. O roteiro foca nesse desafio da personagem, no primeiro ato do filme - onde os sentidos de lealdade, traição e motivações da libido dos personagens são expostos, delineados. A representação da sexualidade é detalhada. Se Carmem tende a ser frígida quando transa com seu namorado - é com a tentação do novo amante que seu instinto feminino por sexo se cumpre mais vital, expressivo. A cena da transa dela com Kit representa esse fogo desesperado por um sexo que liberta o ser de todos os sentidos – o sexo corta as amarras do conservadorismo em sua vida. E ela vê que para amar de paixão, há de ousar um pouco também, sair do eixo.
No segundo ato, toda a linearidade e esfera conceitual da película são modificadas - a trama ganha novas perspectivas, consistências e uma reviravolta se cumpre a ponto de providenciar nova textura narrativa. É interessante que o diretor teceu tanto o plano central do roteiro quanto o de fundo com certo objetivo, dinamismo, mas bem estruturado. Parkhill conceitua um pequeno filme que trava discussão sobre a importância do amor, a necessidade do ser humano transparecer sempre seus ímpetos de desejos e de como, irremediavelmente, o sexo consegue transpor atos de beleza e sordidez aos seres humanos. A direção consegue ter graus de naturalidade, visto que há uma boa química carnal entre Natalia Verbeke e um sexualizado Gael García Bernal - que aqui cumpre sua função de homem que promove a libido no filme. Interessante como a partir de um simples beijo é que o senso de sexo move a narrativa e leva ao segundo ato que demonstra a verve criativa de Parkhill com mudanças na trama. A fotografia do brasileiro Affonso Beato ganha contornos em tons avermelhados, dourados e cores fortes para viabilizar o mundo desses jovens passionais - onde nada é o que aparenta ser. A canção-tema "Quizás", cantada por Nat King Cole concebe toda a atmosfera do thriller-amoroso. É imprescindível que o ser humano sempre consiga direcionar seus sentidos às suas próprias necessidades, ainda que isso fuja dos padrões estabelecidos pela sociedade - não se pode fugir do desejo, do sentimento ou muito menos da paixão. O indivíduo que tenta mascarar o que a carne pede, nem sempre consegue revestir a vida em simples natureza de bom êxito.
Do The I (EUA, 2003)
Direção de Matthew Parkhill
Roteiro de Matthew Parkhill
Com Natalia Verbeke, Gael García Bernal, James D'Arcy, Charlie Cox, Tom Hardy
16 opinaram | apimente também!:
Acho incrivel, a quantidade de vezes que passamos por determinado filme na locadora e nunca pegamos. Pouco depois, sempre aparece alguém para elogiar esse mesmo filme. Não vi ainda, mas, farei logo que possivel.
Inteligente, intrigante, curioso, excelente. A direção é fabulosa, a trilha sonora é envolvente, mas não gostei da fotografia (o que não significa que não seja boa tb). O filme é cheio de reviravoltas e conta uma história confusa de forma simples e clara. A mistura confunde e diverte o espectador. Parabéns amigo, belo texto!
Um grande abraço...
Fiquei curioso e instigado a ver essa produção que parece envolvente, emocionante e ardente. Estou ansioso.........
Mais um filme do qual nunca ouvi falar, mais uma bela análise sua. Adoro o Gael Garcia Bernal e quero conferir a obra depois de ler sobre a mesma aqui.
Fiquei interessado por causa do Gael, que é um ator interessante de se acompanhar a carreira. Nunca me esqueço de suas atuações em Má Educação e Ensaio sobre a cegueira!
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Confesso que realmente me surpreendeu.Além do mais, oBenal sempre dá show!
abs!
Oi, Cristiano
Acho esse filme muito ruim. Chato, com um final péssimo... Só mesmo Gael se salva. Uma decepção!
Abraço
Clênio
www.lennysmind.blogspot.com
www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com
Esse filme é bem interessante! Eu gosto muito da cena do beijo no restaurante em que ela tira o bigode postiço, rola aquele climão de sedução e ele a beija (que beijaço!). Os protagonistas realmente são maravilhosos. É um desses filmes que vale à pena ver de novo! Um abração e ótimo domingo.
Depois de tantas opiniões adversas fiquei curioso de ver. abç Cris.
Adorei o filme. Além de reviravoltas fantásticas, que em determinado momento nem sabemos mais quem é vilão (se é que existe um) quem mente, quem é inocente e o final revela a verdade de forma surpreendente. Além disso, o Gael está sensualíssimo, irresistível. O casal realmente tem química,e as cenas são supersexuais e sensuais. Resumindo: assista agora mesmo!!!
Olá, Cris. Bem, vou me furtar de fazer qualquer tipo de comentário sobre o filme supracitado, por não tê-lo assistido e qualquer coisa que eu dissesse, no escuro, não seria útil. Mas não posso deixar de comentar sobre o seu comentário acerca de dramas, sobre meu postei de algum tempo atrás. Mas só agora pude vir aqui com mais calma. Bem, eu também basicamente só assisto a filmes mais dramáticos, por conta das razões que expliquei no blog. Adorei a imagem que vc utilizou "filmes que ferem", porque muitos nos ferem até a alma mesmo. Como "O Escafandro". Mas também eles podem nos levar à esperança. E estamos sempre precisando dela. Até para poder ver beleza onde menos se sabe que existe. Abraço
Nossa que filme hein. Totalmente sexy parece,mas como alguns demais ainda não, mas suas críticas dão uma vontade de assistir. Esse vou procurar prometo. Beijoss
O melhor do seu blog e que não se passa impune por ele. Dá uma vontade louca de ver o filme pelo qual vc disserta. Faz jus ao nome: APIMENTÁRIO.
Muito texto pra pouco filme... Abraço
Empolgante, sensual, toca em questões polêmicas e intrigantes...belo enredo e direção.
Todos irrepreensiveis em seus papeis
Um dos melhores filmes que jpa vi na vida!
A crônica condiz com a magnitude da obra
Parabens, moço!
Bom, agora eu fiquei estigada a assistir esse filme!! Parece ser bom!!
Bjinhus ;*
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