Entorpecente nauseante?

Sonhos são destroçados, despedaçados e cruelmente dissipados no imbatível Réquiem para um sonho: o universo do enredo aborda a trajetória de quatro personagens predestinados ao inferno de vida. Dos sonhos ao ápice da loucura da degradação humana. São quatro pessoas que vivenciam os efeitos selvagens das drogas, perdem a própria identidade e perspectiva de vida após afundar nos caminhos tortuosos do vício. Os personagens contextualizados à perdição: Sara, viciada em comprimidos para emagrecer e, assim, aparecer no talk show de televisão; seu filho Harry que se droga e trafica heroína com a namorada, Marion; e Tyrone que é o parceiro do casal no mundo do vício dos narcóticos - os quatro são personificados por Ellen Burstyn, Jared Leto, Jennifer Connelly e Marlon Wayans. A direção de Darren Aronofsky é precioso drama barra-pesada: determina interpretações soberbadas, inspiradas e impactantes. É um soco no estômago, pois é um trabalho cinematográfico puramente visceral, brutal e realista. As imagens são violentas por serem densas, concebidas pelo roteiro carregado de desespero expressivo. Preparado para revirar seu estômago por completo? A estrutura conceitual e narrativa do filme são construídas em cima do processo de autodestruição pelo qual vivenciam os protagonistas, não existe trama paralela. O sonho, a felicidade e depois a ruína. Simples assim! Vivenciar este filme não é simples, necessita de tranquilidade. Há cenas que pode deixar qualquer um em frangalhos, com um misto de tristeza e mal-estar - você pode ir a nocaute, rapidamente. Réquiem para um sonho nasceu para chocar, agredir e, obviamente, determinar uma reflexão: a que ponto o vício pode levar um ser humano? Como manter o discernimento diante do caos? Como combater um vício que degrada até a própria alma? É absurdamente fácil, para quem assiste, ir ao inferno juntamente com os personagens tamanho o impacto. É tão atordoante que há momentos quase insuportáveis. O filme preza pela edição e montagem dinâmicas, rápidas e entrecortadas - auxiliada pela trilha sonora experimental, executada com violoncelos, que capta bem cada contexto das cenas angustiantes, enfatiza bem a melancolia dos personagens, provoca tensão, náuseas e tira o fôlego. A câmera violenta e nervosa de Darren Aronofsky leva até as últimas consequência, em ritmo ultra-acelerado. Os vícios? Não só as drogas, mas também a TV, dinheiro - afinal tudo pode tornar-se entorpecente e, mais facilmente, pessoas são suscetíveis a embarcar neste inferno diante da solidão. Após os últimos dez minutos finais, é difícil sair do estado de paralisia proporcionado pelo filme. Eis o supra-sumo da perfeição. Entre no submundo da vida de um viciado: resista ao choque, se for capaz.

34 opinaram | apimente também!:

marcelo grejio cajui disse...

É um dos meus preferidos. Sensacional, a trilha é um filme a parte.
Sempre falo que temos que assistir este e depois Amelie Poulain pra aguentar o baque.
Abraço.

Paulo Alt disse...

Nunca assisti mas tenho ele no gatilho aqui pra ver no pc. Não sei muito sobre ele apesar de ter lido críticas construtivas e agora... a sua claro! Pra ser sincero meu conhecimento sobre o Jared Leto varia entre a discografia do 30 Seconds To Mars ao Heféstion rs. Fiquei curioso de assistir esse, não posso negar, por causa dele. O tema deve ser bem ao estilo que eu gosto quando é mostrado, chocante com um final... como vc disse: que te deixa num estado impressionante.
Tava com um filme parecido pra colocar no blog, acho que ainda coloco.

Ahhhh.. eu ri do comentário do marcelo ali em cima... assistir Amelie ahahahahah legal. eh.... é bom neh

que pena q não posso falar nada
por não ter visto ainda

abraçooo amigo ^^

Rodrigo Mendes disse...

Cris,
adoro os primeiros filmes do Aronofsky - Protozoa, PI e em especial 'Requiem'(odiei apenas o - Fonte Da Vida, tédio!) e digo que fiquei viciado neste filme, já revi várias vezes. Tenho o dvd!

Mas você nem sequer mencionou o cabeça desta história o autor do livro: Hubert Selb Jr. O cara é um dos nomes mais destacados da literatura marginal americana, ele mergulha fundo no desespero, angústia e no lado dark da civilização urbana, com figuras que são vagões desembestados na ladeira da realidade. São; bêbados, prostitutas, capangas.

Aqui ele destaca uma senhora solitária e o que ele faz com ela é cruel. Mas nu e cru, de fato realístico.

O filme tem uma visão meio "ciclone" a senssação é de estar numa montanha russa que sobe e desce a toda velocidade. Chega um hora que eu fiquei até com vertigem. O que são aqueles pedaços de edição no climax do filme? (Sara no Hospital- Marion se prostituindo - Tyrone levando porrada dos policiais e Harry perdendo o braço).

O livro é divino. Gostei do texto, mas faltou falar do Hubert Selb.

Abs!

it was RED - Para quem gosta de cinema disse...

Amo o filme. Encanta-me muito no "Requiem para um sonho" seu ritmo e brutalidade. Uma das minhas películas prediletas. Abraço!

Marcio Melo disse...

Acredita que nunca vi este filme? Falha grave, mas ele está em minha lista de filmes a assistir e em breve corrijo isto!

Thiago Paulo disse...

Nossa, já tive várias oportunidades de ver esse filme, sempre deixei passar. Mas agora fiquei curioso pra ver!!

Teve um filme, não me lembro o nome,produzido pelo Gas Van Sant que me deu náuseas... Mas foi mas pelo visual pscicodélico, já que não gostei muito da história.

Abraço e valeu pelo comentário lá no blog! Até a próxima!

X disse...

Adoro suas dicas de filmes!!!
Esse aew parece bom!!!
Jennifer Connelly já vale, ela é uma boa atriz!!!
bjuus

Luciano Braz disse...

Este é bom demais !

Abraço

Reinaldo Glioche disse...

Gosto muito desse filme. A melhor atuação de Ellen Burtsyn desde O exorcista.

E Jennifer Connaly está de tirar o folêgo.

Vc usou um bom adjetivo. O filme te deixa paralisado nele.
ABS

Marcelo A. disse...

Nossa, você acertou em cheio! Réquiem para um Sonho é mesmo um filmaço! Verdadeira obra-prima!

Em 96, 97, assisti Transpotting e fiquei de queixo caído com a história. Quando pensei que já tinha visto tudo, alguns anos depois, Réquiem me pegou pelo pé!

E em relação aos links... que pena mesmo! Mas podemos resolver isso agora, né?

Abração!

Anônimo disse...

Perfeito... acho que todo mundo tinha que assistir esse filme e refletir mais um pouco sobre seus valores hipócritas!

MARCELO DALLA disse...

Fala, garoto bonito e inteligente!!!! Tb sempre gosto de vir aqui. Mas ando corrido neste fim de ano, por isso dei uma sumida.

Seus artigos são sempre excelentes. Quanto a este filme, fico meio com pé atrás pra embarcar nessas histórias deprimentes... eu sou da alegria... confesso que não tenho paciência pra historias onde as pessoas fazem tudo errado. hehehehe
Mas acho q vou ver sim, pra depois poder criticar. Ou não!

grande abraço!!!!

Dan Pessôa disse...

Esse é sem dúvida nenhuma o melhor trabalho de Jennifer Connelly ao lado de "A Casa de Areia e Névoa".

Um filme extremamente impactante, pois mostra a degradação, passo-a-passo, de um usuário de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.

Porém a grande atuação do filme fica sem sombra de dúvidas com Ellen Burstyn. Suas cenas são desesperadoras. Isso sem falar na excelente montagem que o filme tem.


E uma curiosidade: onde você encontrou esse widget dos marcadores que você usa no seu blog? É muito legal ele!

Abraços!

Mero disse...

vi oi filme de boveira e fiquei de quixo caido com a entraga dos atores

História é Pop! disse...

Não há mais nada a dizer sobre este filme do que o que já foi dito: Ellen Burstyn está excepcional, Darren Aronofsky é um dos grandes nomes que apareceram no cinema ianque. O filme é um soco na boca do estômago.

Cristiano,

você tem uma forma especial de fazer suas resenhas que me cativa, queria ter esse dom.
Parabens!!!!!!!!!!!!!!!!!!

bjo

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Breno Reis disse...

esse filme é muito bom, tem um ritmo proprio dele. e a trilha sonora tbm é show! fora que a ellen burtsyn dispensa qualquer comentario. abraço.

Ferdi disse...

Esse filme é do tipo que tem que ter colhões pra conseguir ir até o fim. AMO, pqp!

Lorena Morais disse...

Esse é um filme fantástico, bem fabricado. E você tem que ter pulso e coragem para poder assisti-lo. Ficamos em transe... E como eu falo, brochamos ao assiti-lo.

J. Luca disse...

O Cristiano definiu o filme perfeitamente: Imbatível. Não houve nenhuma outra obra que me deixou tão abalado e surpreendido. Senti-me eletrocutado por uma onda de tristeza, medo e sofrimento.
Uma pena que o filme foi extremamente injustiçado no Oscar, mas quem falou que o Oscar é justo não é mesmo?

Fred Pimenta disse...

Esse vou comentar com propriedade, porque o vi. Um filme imbativel, como bem dito foi. Um filme excelente e que evoca uma reflexão profunda sobre as escolhas e os vícios.

Cris... Sumi daqui, mas saiba: o blog está excelente. Alto padrão de qualidade. Parabéns.

Renan disse...

Tempo que não passo por aqui, rs. Mas esta é uma obra na qual eu não podia deixar de comentar. Requiem para um Sonho é um filme magnífico. Totalmente recomendável.

LuEs disse...

Na minha opinião, um dos melhores filmes já lançados. Todos os elementos cinematográficos parecem funcionar com perfeição: roteiro, direção, fotografia, atuação - nem mesmo Wayans conseguiu impor sua chatice à história.

O filme nos surpreende pelo paradoxo que apresenta e isso já começa pelo título: um réquiem (canção triste, de velório) para simbolizar um sonho (que usualmente representa algo positivo, um objetivo a se alcançar). O roteiro ainda nos apresenta uma cruel ilusão, à qual os personagens se apegam dolorosamente. Todos acreditam que estão no caminho certo e que, por um objetivo, vale tudo, mesmo sem se dar conta de que os métodos para buscar esse sonho podem ser falhos.

A somar ao ótimo roteiro, há as boas atuações. Jared Letto e Jennifer Connely mostram-se realmente bem no filme, livres de qualquer moral. O destaque cabe à magnífica Ellen Burstyn, talvez na melhor atuação de sua vida. Perdeu o Oscar - injustamente, eu penso - para Julia Roberts, mas isso de forma alguma reduz sua interpretação nesse filme. Certamente um dos melhores momentos do cinema, suas cenas são extremamente densas e perigosas, afinal, facilmente poderiam se tornar caricatas, mas o trabalho da atriz e do diretor fizeram com que tudo se encaixasse perfeitamente.

Não é um filme para se ver duas ou três vezes. Vê-lo uma vez a cada semestre é o suficiente, pois demora bastante para que o impacto do filme passe.

Um dos meus preferidos.
=)

Daniella Dal'Comune disse...

Ótimo texto.
Assisti a este filme quando estreiou no cinemax em 2003. Lembro que foi uma viagem incrivel o filme. Gostei muito. Impactante. Muitas vezes me sentia desconfortável. Excelente. Mexe muito conosco. Não é para qualquer um.


beijos
Me visita. O novo post eh sobre cinema.

Dewonny disse...

Grande trabalho de Aronofsky!
Um dos melhores filmes sobre esse tema, achei excelente. nota 9!

Ps.: Participe do quiz lá no meu blog, teste seus conhecimentos, seria uma honra contar com a sua participação!
Abs! Diego!

Esdras Bailone disse...

O sonho-a felicidade-a ruína. Parece que é bem assim que as coisas funcionam né.
Identifiquei total.

Cleber Eldridge disse...

Já havia visto um filmaço. E fiz questão de comprar!

Willian Lins disse...

Bom, muito bom!
Você sempre me surpreende com o que escreve, sabia?
Um abraço!

Felipe Guimarães disse...

Adoro Réquiem por causa disso: mostra a realidade e a que ponto tudo pode levar (o cara perdendo o braço? Alguém quer isso?).

Carlos disse...

Grande filme. Obrigado pelos elogios ao meu blogue. Retribuo. Abraço.

Bruno Cunha disse...

Uma obra-prima...

As técnicas de realização estão excelente...

Abraço
http://nekascw.blogspot.com/

Larissa Araújo disse...

Perfeito! A trilha sonora então, agonizante e linda, Lux Aeterna é perfeita.

Unknown disse...

Um dos filmes da década e o melhor do realizador.

Juliana Góis disse...

Filme pertubador, eletrizante, assustador e realista.Ótimo!

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