Pois todo filme nacional pode atingir o ápice, é o que ocorre com o intenso Bicho de sete cabeças: definitivamente, uma abordagem contundente e violenta do âmbito brazuca, efeito cinematográfico de pura realidade. Dirigido com talento pela criativa Laís Bodanzky, o filme captura a crueldade humana no mais profundo absurdo. Rodrigo Santoro é Neto, um jovem enviado ao manicômio pelos pais por não se enquadrar nos padrões sociais. Qual a condição da loucura? O que determina ser ou não sensato? Neto suporta a crueldade e agrura de um sistema que, condicionalmente, devora suas presas com maldade. Othon Bastos e Cássia Kiss personificam a estrutura familia que adotam a internação do filho, pura medida impulsiva. O filme propõe alfinetar a alma, o coração e a sociedade: como abrir os olhos diante de jovens transviados? Neto peca em viver imerso nas drogas e à condição de subversivo, porém tem sua vida revirada pela ignorância da família. Como um adolescente de classe média se predestina ao esquecimento? É no manicômio que o jovem encontra a amargura: é obrigado a usar fortes medicamentos, recebe maus-tratos e tem um violento tratamento - inclusos eletrochoques de 460 volts e encarceramento! É com muita emoção que vivenciamos a dor: ele sente o próprio inferno de perto, junto com suas constantes convulsões provocadas pelas descargas elétricas. Já imaginou ter os neurônios queimados e se observar próximo da morte?
O filme é contundente, selvagem, impactante. Como se livrar do abismo? A história é baseada no material autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, no seu livro Canto dos malditos - internado entre 1974 e 1977, num hospital de Curitiba. A película é um sôco no estômago, contextualiza um período de pura crueldade social e pra compreender é necessário refletir. Existem, ainda, jovens condenados ao manicômio? Como se configura a atualidade neste sentido? Como se deparar com o uso das drogas na juventude? O filme propõe ainda mais: é importante uma relação de pais com filhos, um ajuda o outro, a compreensão mútua. A ausência de diálogos e afetuosidade tende à alienação familiar.
O sistema manicomial do Brasil se predestina ao tabu total, nada é muito questionado. O cinema exerce essa importância de questionamentos. É interessante observar a atuação emocional de Rodrigo Santoro: a degradação mental e física de Neto é violenta, sofre na própria carne a violência dos abusos e métodos dos medicamentos inseridos na veia. A ironia é constatar que o manicômio não cura os pacientes, mas os condiciona, ainda mais, à loucura e alienação - sem nenhum estímulo de recuperação ou intelecto.
O filme tem uma estética documental com planos modernos, acelerados, de acordo com o ritmo narrativo e do embalo psicológico dos personagens. A trilha sonora tem letras compostas pelo músico Arnaldo Antunes e André Abujamra concebem o tom conceitual da temática: as músicas determinam pensamentos e sentimentos do protagonista. Eis que o cinema nacional denuncia com lucidez o sofrimento, as atrocidades de um sistema psiquiátrico e desmascara uma sociedade diante do consumo de drogas.
O filme é contundente, selvagem, impactante. Como se livrar do abismo? A história é baseada no material autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, no seu livro Canto dos malditos - internado entre 1974 e 1977, num hospital de Curitiba. A película é um sôco no estômago, contextualiza um período de pura crueldade social e pra compreender é necessário refletir. Existem, ainda, jovens condenados ao manicômio? Como se configura a atualidade neste sentido? Como se deparar com o uso das drogas na juventude? O filme propõe ainda mais: é importante uma relação de pais com filhos, um ajuda o outro, a compreensão mútua. A ausência de diálogos e afetuosidade tende à alienação familiar.
O sistema manicomial do Brasil se predestina ao tabu total, nada é muito questionado. O cinema exerce essa importância de questionamentos. É interessante observar a atuação emocional de Rodrigo Santoro: a degradação mental e física de Neto é violenta, sofre na própria carne a violência dos abusos e métodos dos medicamentos inseridos na veia. A ironia é constatar que o manicômio não cura os pacientes, mas os condiciona, ainda mais, à loucura e alienação - sem nenhum estímulo de recuperação ou intelecto.
O filme tem uma estética documental com planos modernos, acelerados, de acordo com o ritmo narrativo e do embalo psicológico dos personagens. A trilha sonora tem letras compostas pelo músico Arnaldo Antunes e André Abujamra concebem o tom conceitual da temática: as músicas determinam pensamentos e sentimentos do protagonista. Eis que o cinema nacional denuncia com lucidez o sofrimento, as atrocidades de um sistema psiquiátrico e desmascara uma sociedade diante do consumo de drogas.
33 opinaram | apimente também!:
Infelizmente ainda nao deu pra assistir esse filme, mas pelos comentarios de varios amigos meus, este filme é sensacional...portanto assim que puder estarei assistindo.
Bjs Cris.
Ainda não assistir mas verei um dia desses, pois pelos comentarios de amigos, o filme é excelente...bjs Cris.
esse filme é otimo quando o vi me adorei , é algo que choca e toca ao mesmo tempo.
Que começo diferente! Pelo título parece bem... curioso. Na verdade nunca assisti esse filme... e como no tempo que ele saiu eu pensei ser... bom, bem akele estilo nacional de ser sabe? ai acabei nem assistindo. Talvez por ser menor mesmo. E desde então nunca mais o procurei. Quem sabe agora depois do histórico cinematográfico que eu tenho vou atrás?
"Como um adolescente se predestina ao esquecimento", parece um drama bom. Me lembrou uma coisa bem laranja mecânica.
Só acho que a ausência de diálogos na relação familiar tende a uma alienação de acordo com o caráter da pessoa. Mas claro, existem muitas formas de olhar pra isso. Não sei bem a forma que você usou pq obviamente não assisti o filme ainda.
Você tem o livro em que foi baseado as memórias?
Abraçoooooo ^^
eu adorei a interpretação dos atores em particular gero camilo mas achei o filme cansativo
Filme intenso, provocante, revelador, resumindo: VALE SUPER ASSISTIR!
Bom resumo, biscoito de povilho, adorei!
=*
Excelente filme e ótima interpretação do Rodrigo.
Abs
Vejam este e "O Estranho no Ninho", com Jack "Coringa" Nicholson. Um complete o outro.
Sempre apimentado o blog, Cristiano!
Abraços.
Fica até difícil comentar algo em seus posts, você escreve praticamente tudo o que precisa ser dito.
Só posso mesmo dizer que é um filmaço realmente.
Ja estou seguindo o blog para não perder contato!!!!
com certa frequencia estarei aqui lendo os posts e comentando!!!
um blog de cinema e literatura,sera o paraiso me deus?
cara, um amigo meu tava falando desse filme um dia desses e quase me mata pr n ter assistido o filme,muito afim de assisti lo !!!
e vou! beijos
Esse filme é muito bom... já assisti e recomendo... Infelizmente, as pessoas que não conhecem as drogas sempre achama que o mundo acaba ali, e que toda erva é crack... Vale também pela reflexão sobre o modo atraves do qual vários estabelecimentos de "saúde" mental destroem vidas...
O argumento deste filme faz-me lembrar em parte, o filme "Voando sobre um ninho de cucos"! Jack Nicholson, desempenha o papel de um alegre ladrão que é internado num hospital para doentes mentais.
A sua forma de ser, vai provocar conflitos com uma enfermeira mal encarada. Mediante o insucesso dos tratamentos a que é submetido,para tentarem domar a sua rebeldia, acabam por lhe fazer uma lobotomia, tornando-o numa espécie de vegetal. É um filme que revolta!
Nem sempre quando uma pessoa está "sozinha", quer dizer que esteja errada! Quero dizer com isto, que lá por não agirmos ou pensarmos como a maioria, não quer dizer que estejamos loucos!
Mas por vezes é preciso muita coragem para sobreviver incólume, num mundo hostil.
Beijinhos, gostei muito da tua abordagem ao filme.
Oi Cris!
Meu jovem, outra bela abordagem.
Vi este filme pela primeira vez quando estava no primeiro período da faculdade em 2002 (é o tempo passa). Meu professor da disciplina que não me recordo agora qual era, nos mandou ápos ver o filme, escrever uma redação sobre ele, enfocando o drama vivido pelo rapaz. Lembro que uma das coisas que mais me chamou a atenção nele e que abordei em meu escrito, foi a atitude do pai e da mãe do rapaz. Pessoas ignorantes e não esclarecidas que acreditavam estar fazendo o melhor pelo seu filho. Como não tinham acesso a informações e não tinham pessoas que pudessem ajudá-los, dando uma boa orientação, tomaram a decisão equivocada de internar seu filho em um manicômio. A partir deste fato, ele sofreu e passou por tudo aquilo que vc citou em seu texto.
Mas, o mais interessante do filme e de sua abordagem é o quanto a desinformação e a falta de conhecimento de algumas pessoas podem levar outras a caminhos tão tortuosos que as vezes chegam ao extremo da morte. Embora a gente aprenda desde pequeno que pai e mãe fazem o melhor por seus filhos, nem sempre isso acontece. Pór vezes eles erram. Ali vemos isso. Por sorte, apesar de toda dor e sofrimento o rapaz deu a volta por cima e superou aquela situação.
Meu querido, meu tempo ainda ta corrido, ainda to sem pc, mas to tentando conciliar a correria do final de ano com minha leitura.
Dia 18 entro de férias, ai terei mais tempo para me atualizar.
Um abraço e um óitmo final de semana.
Um dos melhores filmes que já vi com o melhor protagonista de todos os tempos.
Combinação, perfeita.
Ótimo tê-lo citado aqui.
Se vc apenas refletir a respeito desde filme, já é reflexão para um bom tempo. Agora, se vc resolver analisar e levantar as questões que podem ser abordadas, aí vc tem um belo post como esse que vc escreveu! Muito bom, Criscório!
Este filme retrata uma época de transição entre o passado rígido e a futuro libertário que está quase chegando. E com certeza a questão política e os valores morais que ainda existiam na época ajudavam numa bárbaridade como esta, de internar um jovem num manicômio por motivo tão estúpido.
Abraço
Já passei algumas vezes por aqui (colocando uma pimenta-do-reino) e a qualidade persiste notável.
Não conheço o filme, mas acredito -pelo que li- no seu potencial artístico. "Canto dos Malditos" deve ter um toque maior que o do filme, pois na maioria das vezes, a escrita transmite mais que a imagem...
[risos]
Abraço! =]
Fantástica leitura do filme,adorei a crítica, as poucas que li sobre esse filme só foram capazes de evidenciar a questão do uso de drogas, mas vai muito além disso, e você soube destacar pontos que considero importantíssimos. Obrigada pela visita e pelas palavras no meu...Te indicarei por lá...E volte sempre! (Eu, sem dúvidas voltarei aqui!rs)
Grande beijo moço!
Já assisti e achei incrível você postar uma resenha ele, pois coincidiu com uma visita que fiz a um lugar semana passada. Ao estar lá falei assim: "Isso aqui parece o filme Bicho de sete cabeças".
O filme possui cenas fortes e é sensibilizante. Vale a pena conferir.
Você broca!
Que coinscidência. Estive hoje com uma querida amiga que é muito amiga de Laís Bodanzku e justamente falávamos deste filme. É excelente! Já vi duas vezes e adorei. Uma história muito forte, densa. Queremos crer que realmente as coisas tenham mudado.
Abraço arretado,
Patrícia
Esse filme é importantíssimo por mostrar uma realidade por vezes ignorada por todos... Belo texto, parabéns...
Eu to aprendendo ainda...O seu é bem tb legal, pró! Já to seguindo! abraços
Cris,
este filme é uma queda livre sem para-quedas! Um pouco parecido com 'Requiem Para Um Sonho' de Darren Aronofsky, mas menos sofisticado.
Direção precisa e a diretora é uma magrela que é um verdadeiro furacão na direção. Adoro ela! E aqui a primeira grande oportunidade no cinema para o xará Santoro.
Belo texto - só corrija o sobrenome da diretora 'Bodanski'
bj!
Sempríssimo!
Desde que li a resenha sobre o livro de Hilda que o procuro, mas não acho...!
Já assistiu "Dançando no Escuro".
Acabei de ver faz uns 30 minutos.
Sensacional.
Sei que não é erótico.
Mas ele vale uma resenha, caso já tenha visto
Caro Cristiano:
É um prazer e uma honra ter um cinéfilo como seguidor do meu blog.
Muito obrigada pela preferência e espero que se torne um frequentador assíduo do blog.
Parabéns por este blog sensacional e já o coloquei o seu link no meu blog.
Beijos
SoniaSSRJ
Nunca nem pensei em ver este filme!
Excelente! Incomoda quem assiste. É impossível ver e como se nada tivesse acontecido, ele te faz refletir sobre várias questões que passam despercebidas e, além de tudo, a diretora passa uma realidade incrível!
Po Cristiano valeu mesmo os elogios quanto ao meu espaço, obrigado por seguir, seus olhares críticos serão bem vindos saiba disso. Muito legal sua resenha sobre o filme, junto com Central do Brasil é um dos meus preferidos. Se você interessar eu tenho um ensaio muito bom escrito por mim mesmo sobre o 'Bicho de Sete Cabeças', te envio por e-mail porque suspeito não caber aqui. Abraço, eu sempre apreciei pimenta, agora então :]
Conheço, recomendo e dou uma exelente nota ao filme. Se analisarmos o período que ele foi rodado, onde o cinema nacional estava tendo então um reconhecimento mais "popularisado", ele possue exelentes tomadas de câmera, abordagens de situações intimistas (como o consumo de maconha) entre outros aspectos que o enquadra na minha prateleira entre os melhores.
Um filme q faz a gente refletir sobre as coisas da vida, atitudes e decisões q a gente toma, achei ótimo, Rodrigo Santoro deu mostras q tinha talento pra chegar aonde ele está hj em dia!
Abs! Diego!
Excelente filme , Rodrigo Santoro está muito bom.
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