Observar o mal de perto em grandiosidade não é fácil. Estar próximo da manifestação do Diabo? O medo é absurdo. Alguns acreditam que a profecia do Livro das Revelações exibia um mapa de um aterrorizante futuro e que a seqüência numérica "666" seria a marca da besta, ou seja: o anticristo viria através do poder consentido de Satanás para estabelecer um reino na terra, o princípio do Armageddon... Em A Profecia de 1976 o anticristo vem ao terreno da humanidade sob a forma de um garoto. Um diplomada rico americano, ao se deparar com a morte do rebento recém-nascido, morto em um enigmático hospital no 6º dia do 6º mês as 06:00 em Roma, se vê em um cruel dilema de horripilantes proporções: por preocupar-se com a reação da esposa e também pela dificuldade dela em engravidar, ele acata a sugestão de um padre e toma por filho um outro bebê, nascido exatamente no momento que seu filho faleceu - cuja mãe, surpreendentemente, morreu no parto e não havia parente algum vivo. É criado como se fosse do próprio sangue, da mesma carne. Batizado como Damien, o menino cresce e eis o anúncio do conflito aterrorizante: uma série de estranhos acidentes ocorre, todos aparentemente relacionados ao menino com então cinco anos de idade. Os incidentes se manifestam, multiplicados de muita tensão, apontando a evidência de algo errado com o garoto. Qual a relação deste ser com a forte energia negativa pairando ao redor da família?
As situações são angustiantes: um padre insiste ter presenciado o nascimento de Damien e quer que o pai faça a comunhão com Cristo para destruir a negatividade, obtendo a recusa é inesperadamente é morto; no aniversário de Damien a babá se suicida e estranhos fenômenos passam a ser constantes. O número de mortos aumenta. Qual segredo pode estar por trás dessas atrocidades? Então, entra em cena a Sra. Baylock, a nova babá de Damien, que parece ter uma devoção anterior a essa criança. E aí a tragédia atinge o lar dos Thorn. Mas só mais tarde Robert Thorn compreende a verdade: seu filho não é uma criança comum, ele é o Anticristo anunciado em antigas profecias. Agora, Thorn deve fazer o sacrifício extremo para impedir que um terror indescritível atinja o mundo e a profecia venha a se cumprir. Matar o filho criado em seu lar?
Este filme definiu os pilares do gênero do terror nos anos 70: enquanto O Exorcista era muito mais gráfico e chocante visualmente, A Profecia agredia na sutileza por ser mais sugestivo e interpretativo. Todo o terror desta película deve-se ao poder das interpretações - Gregory Peck e Lee Remick como os pais adotivos, atônitos e amedrontados com a força espiritual maligna e os conflitos diante do convívio com o filho impostor -, o dramático embate vivenciado pela família Thorn ao observar o mundo desmoronar com a certeza que cuidam de um demônio. Como estar protegidos da fúria de uma entidade demoníaca? Damien, ainda que seja criança, demonstra uma dissimulação coerente com alguns atos seus de pura artimanha maligna. A direção de Richard Donner ferve medo: ele conduz cenas abusivas de closes nos olhos dos atores, planos fechados para demonstrar tensão crescente e há uma atmosfera lúgubre. O maior assombro vem através da trilha sonora de Jerry Goldsmith, totalmente avassaladora e a sinistra música "Ave Satani" foi indicada ao Oscar de canção - a trilha incidental, repleta de cânticos no estilo sacro e carregada de corais cristãos, rendeu um Oscar ao filme, sem ela a película jamais teria um teor tão angustiante psicodramático. Não existe sangue, não há violência desmedida: o filme atinge no psicológico. É macabro, tenebroso.
O roteiro denso conceitua veracidade: o ser humano teme ter o contato com o lado misterioso da espiritualidade maligna. Afinal, a ameaça do demônio encarnada na figura de uma criança inocente é um dos mais eficientes causadores de conflito já concebidos para uma história de terror. Ninguém está preparado? O mal tem seus meios de vencer? O ser humano necessita da fé em si próprio, não existe força maior. A fotografia do filme é impregnada de luzes e sombras, principalmente na cena antológica do cemitério. Adornando o tema apocalíptico que recheia o enredo de medo incondicional, há um clima tétrico na decadência trajetória de Damien. É puro efeito aterrador. Só em observá-lo há um misto de pena e repulsa - seus cabelos avermelhados e sua expressão facial angelical contrapõem-se com seu olhar frio e seu sentido de representação digna do filho do demônio. A imagem terna e apavorante, ao mesmo tempo, de Damien cria um contraponto perfeito e direto entre a imagem de Cristo e a do Anti-Cristo. Contraste arrepiante! O roteiro atinge o ápice e o final é até realista, emblemático e inesquecível na última cena. A Profecia é o primeiro filme de uma saga clássica de terror ardente, sufocante e imbatível. Haja calafrios.
As situações são angustiantes: um padre insiste ter presenciado o nascimento de Damien e quer que o pai faça a comunhão com Cristo para destruir a negatividade, obtendo a recusa é inesperadamente é morto; no aniversário de Damien a babá se suicida e estranhos fenômenos passam a ser constantes. O número de mortos aumenta. Qual segredo pode estar por trás dessas atrocidades? Então, entra em cena a Sra. Baylock, a nova babá de Damien, que parece ter uma devoção anterior a essa criança. E aí a tragédia atinge o lar dos Thorn. Mas só mais tarde Robert Thorn compreende a verdade: seu filho não é uma criança comum, ele é o Anticristo anunciado em antigas profecias. Agora, Thorn deve fazer o sacrifício extremo para impedir que um terror indescritível atinja o mundo e a profecia venha a se cumprir. Matar o filho criado em seu lar?
Este filme definiu os pilares do gênero do terror nos anos 70: enquanto O Exorcista era muito mais gráfico e chocante visualmente, A Profecia agredia na sutileza por ser mais sugestivo e interpretativo. Todo o terror desta película deve-se ao poder das interpretações - Gregory Peck e Lee Remick como os pais adotivos, atônitos e amedrontados com a força espiritual maligna e os conflitos diante do convívio com o filho impostor -, o dramático embate vivenciado pela família Thorn ao observar o mundo desmoronar com a certeza que cuidam de um demônio. Como estar protegidos da fúria de uma entidade demoníaca? Damien, ainda que seja criança, demonstra uma dissimulação coerente com alguns atos seus de pura artimanha maligna. A direção de Richard Donner ferve medo: ele conduz cenas abusivas de closes nos olhos dos atores, planos fechados para demonstrar tensão crescente e há uma atmosfera lúgubre. O maior assombro vem através da trilha sonora de Jerry Goldsmith, totalmente avassaladora e a sinistra música "Ave Satani" foi indicada ao Oscar de canção - a trilha incidental, repleta de cânticos no estilo sacro e carregada de corais cristãos, rendeu um Oscar ao filme, sem ela a película jamais teria um teor tão angustiante psicodramático. Não existe sangue, não há violência desmedida: o filme atinge no psicológico. É macabro, tenebroso.
O roteiro denso conceitua veracidade: o ser humano teme ter o contato com o lado misterioso da espiritualidade maligna. Afinal, a ameaça do demônio encarnada na figura de uma criança inocente é um dos mais eficientes causadores de conflito já concebidos para uma história de terror. Ninguém está preparado? O mal tem seus meios de vencer? O ser humano necessita da fé em si próprio, não existe força maior. A fotografia do filme é impregnada de luzes e sombras, principalmente na cena antológica do cemitério. Adornando o tema apocalíptico que recheia o enredo de medo incondicional, há um clima tétrico na decadência trajetória de Damien. É puro efeito aterrador. Só em observá-lo há um misto de pena e repulsa - seus cabelos avermelhados e sua expressão facial angelical contrapõem-se com seu olhar frio e seu sentido de representação digna do filho do demônio. A imagem terna e apavorante, ao mesmo tempo, de Damien cria um contraponto perfeito e direto entre a imagem de Cristo e a do Anti-Cristo. Contraste arrepiante! O roteiro atinge o ápice e o final é até realista, emblemático e inesquecível na última cena. A Profecia é o primeiro filme de uma saga clássica de terror ardente, sufocante e imbatível. Haja calafrios.
30 opinaram | apimente também!:
Cristiano...
Eu amo esse seu espaço!
beijocas! ;*
O filme retrata o meu estilo de terror: o inteligente. Não que eu os assista, mas ainda assim aprecio. Há todo um roteiro, uma trama e ausência de paradoxos. Choca pelo arranjo, pela história em si, e não pelos imagens sanguinárias. Acabou despertando minha atenção para o tema.
Um abraço!
Eu só vi o rencente que é bem ruinzinho!
Nossa que fatídico!!!
:)
Um beijo
Oba, serei o primeiro a comentar...
Eu prefiro O EXORCISTA, foi um filme que me marcou bem mais, mas concordo que A PROFECIA é mais sutil, mais poderoso psicologicamente, mesmo porque ainda faz uso do dilema ético do pai adotivo do pequeno Demian em matá-lo ou não.
É um filme sem dúvida angustiante, sufocante, claustrofóbico até. Mil vezes melhor que a refilmagem desnecessária.
Abraços do sumido,
Clênio
PS - Nem vou comentar que meu apelido em alguns círculos é DEMIAN...
Vou te dizer que esse é um dos filmes mais assustadores que eu já vi e ponto final... Na verdade a trilogia é uma das melhores de terror de todos os tempos...
Cris,
"I Love IT"
Não porque a Profecia seja meu filme predileto (não é!), mas adorei ler um filme do gênero aqui no Apimentário.
Imagine que este projeto passou nas mãos de Brian De Palma , que fez naquele momento CARRIE, outro exemplo do gênero da cultura POP que marcou aquele geração.
Obviamente 'O Exorcista' era muito mais explícito e vulgar, embora tenha uma aterradora e brilhante edição sonora. Mas ainda prefiro o filme de William Friedkin ao invés do filme de Donner. Acho que prefiro mesmo o GORE, rs!
Agora, admito que este 'A Profecia' foi um daqueles filmes marcantes e interessantes. Donner fez muito bem assim como SUPERMAN, o filme - seu outro melhor feito.
POLTERGEIST do Spielberg e Tobe Hoper é outro exemplo do gênero que causou mistérios e polêmicas, embora seja mais leve e até infantil.
Não gostei MESMO das continuações, e o que parecia uma trilogia tornouu-se um quadrilogia com um ridículo quarto capítulo. E o remake com a Julia Stiles é melhor ignorarmos.
Adorei, BJS!
Excelente post... sou fã do genero.. texto bem construido tbm
Achei que você seria mais partidário não apenas ao tema do filme mais sim em relação a sua fé. Obviamente seu comentário está perfeito com sempre mais sentir uma frieza a mais.
Muito complicado, mais eu sempre vi a relação “mal” refiro-se a entidade, com os olhos meio que obstruídos. Também já nem me assusto mais com tanto pecado, já que a maldade é apenas uma parte ainda não esclarecida da nossa personalidade.
E é na nossa personalidade que o termo ANTICRISTO mais se encaixa, por que todos nos somos a negação de alguma coisa seja de deus seja de nós mesmos ou de nossos desejos.
Somos ANTICRISTO por natureza, por que somos a essência CRISTICAR de algo que julgamos sobrenatural.
Tenho que assistir esse filme... Fiquei curioso!
Você sabe o que elas são? Elas são todas dissimuladas. Todas elas. Aperte o primeiro botão e ouça o recado que tem para você.
Cris,
Ahhh, não pude vir ler antes, que droga! Cheguei mesmo MTO cansado depois de ficar rodando dentro de um ônibus por trocentras cidades de Minas. Mas e vc? Como tá??
Bom, desse post eu já sabia, hehe. Só não sabia que era o próximo. Tenho os 4 filmes naquele box meio marrom-avermelhado, como o seu. E adoro esse. Eu concordo sim que A Profecia tenha uma construção mais elaborada de história que tenha feito isso nos anos 70, mostrado como é chocar-se mas não tanto pelo visual [como as cenas do Exorcista, que... não posso negar, também gosto e de fato também tem um roteiro interessante] e sim pelo clima que aquilo te provoca. Tentaram fazer esse clima de novo no remake mas, mesmo sendo todo "bem-feitinho" e tal saiu sem sal, não gostei. Parte disso eu sei pq... ou aliás... tenho certeza: a imagem. A imagem somada ao áudio. Que abertura é aquela? Que trilha é aquela? Adorei você ter citado. Antes mesmo de saber o que vem pela frente você já fica tenso. Perdi a conta de quantas vezes assisti. Adoro.
Não, eu acho que ninguém nunca fica preparado quando o mal vem de uma criança... veja pelo filme do Macaulay Culkin do post anterior. Bem sacada colocar esse tema sucedendo. "Seus cabelos avermelhados e sua expressão facial angelical..." Constróis imagens perfeitas pelo teu texto. Arte. Ternamente apavorante.
Assim como o Rô, gostei muito de ver um terrorzinho no Apimentário, haha. ;]
Tem mais??? rsrsrsrs
Abraço Forte ^^
eu vi o filme A Profeicia, tabém gostei, vc ja viu o Anticristo, de Lars Von Trier,/? é um bom filme, não é de terror, mas é bastante provocador e não menos assustador
Às vezes acho que falta terror
aos novos filmes de terror.
é sempre bom passar por aqui... o 'Apimentário' é uma grande idéia... parabéns memsmo, cara...
grande abs.
Excelente sinopse de um verdadeiro clássico do cinema de terror...Parabéns pelo Blog!
Fácil seguir um blog como o seu, meu irmão soteropolitano! Saudades da terra, cara. Nasci e morei em Salvador até os 14 anos de idade. Sinto falta do cheiro do acarajé nas esquinas.
Parabéns pelo blog. Fiquei amarradão no nome Apimentário. Pimenta é o que nunca falta aqui em casa. Coloco pimenta até na pizza. Abração forte!
1976?
Esse eu não vi...vou procurar...
A narrativa, como sempre, ótima!
Nossa eu amo terror mais tenho um medo desses mais antigos terrível kkkkkk
Beijos
É um filmaço. Pena que ganhou uma refilmagem tão meia-boca.
E por falar em terror setentista, recentemente revi O Exorcista. É de gelar a espinha.
Obrigada por visitar meu blog e pelo seu comentário... corri para ver o seu, sua página tb é muito bem elaborada e de qualidade!
Adoro filmes de terror, gosto muito da série original de "A Profecia", assistia qdo era criança e já amava isso. Na linha de terror e suspense psicológico, acho "O Bebê de Rosemary", de Polansky e "O Iluminado"do Kubrick, ótimos.Na linha muito sangue e sustos, adoro os filmes do italiano Dario Argento.
Bjos e até a próxima...
Infelizmente, eu não tive a oportunidade de ver essa obra inteira. Por três vezes, se eu não me engano, comecei a vê-la, mas por algum motivo precisei adiar.
No entanto, eu assisti ao remake desse filme, lançado em 2006. Como os atores eram pavorosos de tão ridículos, não pude curtir muito a trama, mas imagino que a obra original seja mesmo muitíssimo superior à obra refeita.
Como você mesmo comenta, é um filme mais sugestivo do que explícito, o que pode fazer com que muitos o contraponham a outro famoso filme de terror - O Exorcista. Se for algo que cause tamanha aflição quanto o filme que acabei de citar, então acho que realmente vale a pena e eu DEVO correr para a locadora para alugar esse filme e vê-lo logo!
Assisti esse filme pela primeira vez numa mádrugada de sábado para domingo, enquanto esperava uma corrida de formula 1, há muitíssimos anos atrás. Foi, sem sombra de dúvida, a madrugada mais assustadora da minha vida. O filme é amedrontador e sufocante... E, concordo contigo: as interpretações dos atores principais são a alma de todo o terror desse clássico maravilhoso.
Valeu!
Belo blog, adorei, voltarei muitas vezes, um forte abraço!!!
Tenho medo de filme de terror antigo, não me pergunte o pq?
Deveria ser ao contrário né?!oauhaoha
bjuss
Nossa to adorando este isso aqui. A forma como vc comenta o filme, se vc num viu dá vontade de ver e se viu dá vontade de ver de novo. rsrsrsrs
Bem eu assisti este filme a uns anos atrás, alias assisti a trilogia completa e sem sombra de dúvidas este é o melhor dos 3 pois como vc bem disse o contraponto criado entre a inocente face de Damien e o olhar malígno dele é algo que terrivelmente amendrontador. O que eu acho interessante é um clássico como este ter ficado esquecido dando lugar as milhares de porcaria que tem sido criada no genero terror.
Parabéns!
Um abço!
Cris, fica com raiva d emim não, já tô seguindo. É que não havia parado ainda para apreciar seu blog e atualizar o meu. abs.
Da série "fiz um clássico, caguei um remake".
Muito bom o texto!
abs!
Essa mistura de terror com crianças é algo que me assusta de fato. Profecia é ótimo.
Fantátisco e preciso o comentário do Elton.
Hahaha
Abraços.
Olá Cris,
É interessante ver que muitos filmes reproduziram a criança nascida como encarnação do Diabo. Acho isso tão cansativo mesmo que crianças sejam também perversas.
A bem da verdade, o mal está em todos nós, adultos, somos como médicos e monstros, deuses e demônios.
bjs!
A profecia é um dos meus filmes favoritos. Assisti trilhares de vezes e nunca me canso de assistir mais uma vez. A direção é fantástica, Peck e Remick estão impecáveis, a trilha sonora é uma loucura, Damien é diabolicamente fofo (uma das crianças do celulóide que mais gosto - cruzes!) e, claro, a sra. Baylock parece um urubu, morro de medo dela! Grande exemplo de como se faz um filme assustador sem apelações, somente com talento e criatividade.
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